Guia do Investidor
ministério do planejamento orçamento e gestão Divulgacao 1
Agência Brasil Notícias

Governo antecipa R$ 30,1 bilhões de precatórios

Nos siga no Google News

Continua após o anúncio

No último dia 20, o Ministério do Planejamento repassou R$ 30,1 bilhões em antecipação de precatórios ao Poder Judiciário. A tramitação chegou ao fim em 20 de fevereiro, por meio da alocação adicional de recursos que transferiu R$ 10,7 bilhões do Orçamento para liquidar as obrigações pendentes. Neste sábado (24), o Ministério do Planejamento divulgou a especificação dos R$ 30,1 bilhões adiantados. Dívidas do governo com sentença irrevogável, os créditos judiciais foram adiantados para liquidar as obrigações pendentes decorrentes da emenda constitucional de 2021, que viabilizou o fracionamento das dívidas superiores a 60 salários-mínimos. Se a antecipação não tivesse sido efetuada, o passivo atingiria a cifra de R$ 200 bilhões até o final de 2026.

Destino dos recursos

A maior parte do montante, equivalente a R$ 14,75 bilhões, refere-se a precatórios vinculados a gastos operacionais (sustentação das atividades governamentais) e a despesas de capital (como investimentos e amortizações). Um valor de R$ 11,85 bilhão foi destinado ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef). Há ainda R$ 2,74 bilhões em precatórios por liquidar, R$ 541 milhões associados à Previdência Social e R$ 223 milhões destinados a despesas judiciais relacionadas ao corpo funcional público.

De acordo com o Governo Federal, a liquidação antecipada não afetará a meta fiscal de déficit zero, pois os recursos já estão previstos no Orçamento Geral da União deste ano. Sancionado no mês de agosto, o novo arcabouço fiscal, que substituiu o Teto de Gastos, prevê que em 2024 a meta será zero, ou seja, sem déficit ou superávit.

Dívida quitada

Apesar do adiantamento de R$ 32,3 bilhões no encerramento do ano anterior, havia uma lacuna de R$ 30,1 bilhões estabelecida no Orçamento vigente. Segundo informações do Ministério do Planejamento, com a antecipação realizada nesta semana, os compromissos da emenda constitucional relacionados aos precatórios foram completamente quitados. Apesar do adiantamento de R$ 32,3 bilhões no encerramento do ano anterior, havia uma lacuna de R$ 30,1 bilhões estabelecida no Orçamento vigente. Segundo informações do Ministério do Planejamento, com a antecipação realizada nesta semana, os compromissos da emenda constitucional relacionados aos precatórios foram completamente quitados. A antecipação dos precatórios fora do limite de gastos do novo arcabouço fiscal foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal em novembro de 2023.

Pagamento de precatórios eleva déficit para R$ 230,54 bi em 2023

por Agência Brasil 30/01/2024

Leia mais  BNDES fez nove leilões de saneamento com R$ 42 bi em investimentos

A quitação de precatórios após um acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF) fez o Governo Central – Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central – fechar 2023 com o segundo maior déficit primário desde o início da série histórica. No ano passado, o resultado ficou negativo em R$ 230,54 bilhões, só perdendo para 2020, quando o déficit atingiu R$ 743,25 bilhões por causa da pandemia de covid-19.

O déficit primário representa o resultado negativo das contas do governo sem os juros da dívida pública. Segundo o Tesouro Nacional, sem o pagamento dos precatórios, as contas do Governo Central teriam fechado o ano passado com resultado negativo de R$ 138,1 bilhões, equivalente a 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e dos serviços produzidos no país). Sem o socorro financeiro de cerca de R$ 20 bilhões para estados e municípios, o déficit teria caído para R$ 117,2 bilhões, 1,1% do PIB.

Apenas em dezembro, o déficit primário somou R$ 116,15 bilhões, impulsionado pela quitação dos precatórios em atraso. Dívidas do governo com sentença judicial definitiva, os precatórios foram parcelados ou adiados após uma emenda constitucional em 2021. No ano passado, o governo quis quitar a dívida para evitar um passivo de R$ 250 bilhões no fim de 2026.

O déficit de dezembro foi o maior já registrado para o mês desde o início da série histórica, em 1997. Sem os precatórios, informou o Tesouro, o resultado negativo ficaria em R$ 23,8 bilhões. Esse valor ficaria abaixo da estimativa das instituições financeiras. Segundo a pesquisa Prisma Fiscal, divulgada todos os meses pelo Ministério da Fazenda, os analistas de mercado esperavam resultado negativo de R$ 35,5 bilhões, sem considerar o pagamento de precatórios.

Leia mais  Tecnologia 5G estreia no Brasil nesta quarta-feira

O resultado primário representa a diferença entre as receitas e os gastos, desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública. Apesar da quitação dos precatórios, o déficit ficou dentro da meta de R$ 231,5 bilhões para o Governo Central estabelecida pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano passado.

Em janeiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tinha anunciado um pacote para aumentar a arrecadação e revisar gastos para melhorar as contas públicas e diminuir o déficit para cerca de R$ 100 bilhões em 2023. No fim de novembro, a Secretaria de Política Econômica informou que a previsão oficial de déficit primário estava em R$ 177,4 bilhões para este ano, podendo chegar a R$ 203,4 bilhões se considerada a metodologia do Banco Central. A previsão, no entanto, desconsiderava os precatórios.

Receitas

Na comparação com o ano passado, as receitas caíram, se descontada a inflação, mas as despesas aumentaram em volume maior por causa do Bolsa Família, dos gastos com a Previdência Social e dos precatórios. Em 2023, as receitas líquidas subiram 2,3% em valores nominais. Descontada a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no entanto, elas recuaram 2,2%. No mesmo período, as despesas totais subiram 17,7% em valores nominais e 12,5% após descontar a inflação.

Se considerar apenas as receitas administradas (relativas ao pagamento de tributos), houve queda de 1% em 2023 na comparação com 2022, já descontada a inflação, puxada principalmente pela Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. No entanto, houve aumento de R$ 11,7 bilhões (39,5% acima da inflação) em outras receitas administradas, por causa principalmente do programa de redução da litigiosidade, em que o contribuinte fechava acordos com o governo em troca de encerrar ações na Justiça.

Também houve aumento de R$ 32,9 bilhões (5,8%) na arrecadação da Previdência Social, decorrente da recuperação do mercado de trabalho.

Em relação às receitas não-administradas pela Receita Federal, os maiores recuos foram registrados nas receitas de dividendos de estatais, que caíram R$ 41,1 bilhões (-44,7%, descontada a inflação), em virtude do menor recebimento de repasses da Petrobras, da Caixa Econômica e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As receitas com concessões caíram R$ 40,7 bilhões (-82%, descontado o IPCA%) por causa de concessões de geração elétrica resultantes da privatização da Eletrobras, que não se repetiram em 2023.

Leia mais  Tesouro Direto têm segundo maior valor mensal da história

As receitas com royalties, que caíram R$ 26,2 bilhões (-18,5%, descontada a inflação) em 2023 na comparação com 2022, por causa da queda do petróleo no mercado internacional. Atualmente, a cotação do barril internacional está em torno de US$ 82 após ter chegado a US$ 120 no meio de 2022, por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Despesas

Turbinados pelo novo Bolsa Família, os gastos com programas sociais subiram R$ 75,4 bilhões (42,4%) acima da inflação no ano passado na comparação com 2023. Também subiram os gastos com a Previdência Social (+R$ 66,5 bilhões), com saúde (+R$ 20,6 bilhões) e gastos discricionários (não obrigatórios) com educação, transporte e assistência social (+R$ 23,6 bilhões).

Os gastos com o funcionalismo federal subiram R$ 10,2 bilhões (2,8%) acima da inflação em 2023 comparados com 2022. Apesar do aumento de 9% concedido aos servidores do Poder Executivo Federal, aprovado no fim de abril do ano passado pelo Congresso, o principal fator que impulsionou a despesa foi pagamento de precatórios, que consumiu R$ 8,3 bilhões no ano dos R$ 10,2 bilhões extras.

Em relação aos investimentos (obras públicas e compra de equipamentos), o governo federal investiu R$ 82,23 bilhões em 2023. O valor representa alta de 72,5% acima do IPCA em relação a 2022. Nos últimos meses, essa despesa tem alternado momentos de crescimento e de queda descontada a inflação. O Tesouro atribui a volatilidade ao ritmo variável no fluxo de obras públicas.

Fonte: Agência Brasil


Nos siga no Google News

DICA: Siga o nosso canal do Telegram para receber rapidamente notícias que impactam o mercado.

Leia mais

Confiança dos empresários industriais cai em outubro

Agência Brasil

Mercado eleva previsão da inflação de 4,62% para 4,64%

Agência Brasil

BC leiloará US$ 4 bi de reservas internacionais para segurar dólar

Agência Brasil

Abimaq: setor de máquinas tem queda de 12,7% na receita líquida

Agência Brasil

Haddad foi para Europa e o dólar foi para a lua: moeda dispara com risco fiscal

Agência Brasil

Novas regras de financiamento de imóveis da Caixa entram em vigor

Agência Brasil

Deixe seu comentário