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Governo Lula: quais setores da bolsa devem ser impactados?

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Após mais de uma semana com um novo presidente eleito, a bolsa brasileira segue passando por oscilações com cada novidade que vem sendo divulgada pela equipe de transição do novo governo. Na última segunda (7), a bolsa caiu 2,38% e fechou em queda  indo aos 115.342 pontos com a incerteza do cenário.

Para Marcelo Oliveira, CFA e co-fundador da Quantzed, no início da semana, a bolsa foi impactada, principalmente, pelas notícias sobre a possível equipe econômica do próximo governo.

A bolsa pesou repercutindo notícias que colocam Haddad como possível ministro da Fazenda. O mercado não vê com bons olhos um político no cargo. O ideal seria alguém de perfil mais técnico. Além disso, muitos acreditam que Haddad não tem boa interlocução com o Congresso“, diz Oliveira.

Ainda segundo ele, dólar, DIs e bolsa aceleraram o ambiente ruim após notícia em que Meirelles afirmou não ser um dos candidatos a ministro da Fazenda.

Nesse contexto, quais setores podem ser impactados no governo Lula? De acordo com Caio Canez de Castro, especialista em investimentos da GT CAPITAL, o setor que mais será impactado no governo Lula é o de estatais. 

“Acredito que veremos mais claramente quais setores serão mais afetados conforme for acontecendo a transição de governo. Definitivamente, o setor que mais será impactado são as estatais, com as políticas públicas de gestão com foco na acessibilidade dos produtos e serviços prestados por elas e pouco foco na rentabilidade dessas empresas“, afirma.

Caio acredita que as estatais podem ver tentativas de intervenção mais frequentes e, principalmente, indicações de gestores políticos e não técnicos:

Nos últimos anos se evoluiu muito em processos sólidos de estruturação das equipes técnicas nas estatais, visando justamente diminuir cada vez mais a possibilidade de uma intervenção puramente política. Então, apesar da mudança de foco dos gestores, no fim do dia as empresas se manterão relevantes nos seus mercados“.

Na última semana, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, criticou a distribuição de R$ 50 bilhões em dividendos pela Petrobras, o que não foi bem visto pelo mercado, que teme interferência política.

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Para Vitorio Galindo, head de análise fundamentalista da Quantzed, o mercado teme a mudança de trajetória da empresa, com a próxima administração indicada pelo governo para a estatal.

O risco é que a administração nova interfira em todo o plano de desinvestimentos, rentabilidade, geração de caixa, dividendos e alocação de capital nos melhores ativos e projetos. Isso poderia acabar desmontando a estratégia que a empresa teve nos últimos anos, de alocação de capital em projetos e ativos que dão bons retornos”, diz.

Já entre os setores que podem se dar bem no governo, de acordo com Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, estão os setores relacionados ao aumento de crédito como construção, educação e varejo. 

“Lula é conhecido por fazer grandes investimentos em educação. Então, acredito que esse setor pode ser muito beneficiado. Varejistas também tendem a ir bem pela facilidade de crédito, assim como bancos. Com Lula, não sabemos se os juros vão cair tão rápido assim. E dessa forma, os bancos ganham com o spread”, comenta.

Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, acredita que empresas exportadoras também podem ser beneficiadas: 

“Temos as empresas exportadoras, que podem se beneficiar com o dólar elevado, na faixa de R$ 5,3 e podendo subir um pouco mais“.

Segundo Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da Eu me banco, nesse  momento atual de volatilidade alta o mais indicado aos investidores é fazer a diversificação de seus investimentos. 

“Não é momento de entrar em ações de estatais agora. Saiba ler o cenário econômico. Diversifique sua carteira. Tenha parte da carteira dolarizada para fugir dessas oscilações”, diz. 

Para o especialista, o mercado passa por um momento tenso até a escolha do ministro que irá tocar a economia:

Após o anúncio, o mercado pode dar uma acalmada ou piorar, dependendo do nome do ministro e qual a posição dele em relação ao teto de gastos”.

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