Quem esteve por dentro do cenário de investimentos nos últimos meses, certamente já ouviu falar sobre o Banco Inter (BIDI4). Seja pelo ciclo de alta de suas ações, ou pelos lançamentos em sua plataforma digital, a instituição financeira sempre se mostra em evidência.
E o seu ritmo de crescimento chegou a marcos importantes, como a chegada na marca de 10 milhões de clientes em sua base.
Mas olhando os números em detalhes, qual é o cenário atual do banco? Será que o Inter é uma opção confiável para investir? Acompanhe a análise a seguir e tire suas próprias conclusões.
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Sobre o Banco Inter
A princípio, a trajetória da instituição começou em 1994, em Belo Horizonte, MG, como Intermedium Financeira, uma das empresas do Grupo MRV Engenharia (MRVE3).
Em seguida, houve a transição para o Banco Intermedium sendo que, a partir de 1999 e 2001, respectivamente, ocorreram as ofertas de crédito para empresas e crédito consignado.
Após isso, o Banco Intermedium deixou de fazer parte do Grupo MRV, em 2002, para anos mais tarde, em 2007, iniciar a sua atuação no segmento de crédito imobiliário.
Então, a partir de 2008, a instituição passou a formar os moldes do perfil que possui atualmente. Assim, nesse mesmo ano, o Intermedium recebeu a licença de banco múltiplo pelo Banco Central (BC). Em 2012, houve o lançamento da Inter Seguros. No ano seguinte, foi a vez de lançar a Inter DTVM, recebendo autorizações de atuação por parte do BC e CVM.
Depois disso, o Intermedium iniciou a oferta de contas digitais, em 2015, lançamento do app, em 2016, e ainda oferta de cartões múltiplos e início das operações de câmbio, também em 2016. Em seguida, no ano de 2017, ocorreu o reposicionamento da marca para o Banco Inter e listagem no ano seguinte na B3, a bolsa brasileira.
Além disso, vale mencionar a parceria com a Wiz Soluções (WIZS3) a partir de 2019 com o objetivo de atuação conjunta para vendas de seguridade.
Portanto, o Inter conta hoje em dia com uma diversificação de áreas de atuação bastante ampla. Em resumo, é possível enquadrar as atividades do Inter em ofertas de: Conta digital, Seguros, Consórcio, Cartão de Crédito, Seguros, Plataforma de Investimentos, Câmbio, Crédito (Corporativo, Consignado e Imobiliário) e Marketplace.
Resultados recentes
De acordo com os dados relativos ao resultado do 4T20, o forte crescimento de sua base de clientes se refletiu na receita líquida e despesas.
Dessa forma, no quarto trimestre de 2020, a receita foi de R$ 417 milhões, sendo um aumento de 64% diante da receita de R$ 253 milhões do 4T19. No ano, a receita líquida do Inter foi de R$ 1,2 bilhão, significando um crescimento de 53,6% em comparação a 2019, quando somou R$ 783 milhões.
No lado das despesas administrativas e de pessoal, a instituição financeira passou de um resultado de R$ 491,7 milhões em 2019, para um montante de R$ 807,3 milhões em 2020. Ou seja, houve um aumento de 64,2% na comparação entre os resultados.
Devido a isso, quem acabou sendo impactado foi o lucro e o ROE (Retorno sobre o patrimônio). Assim, o lucro líquido do Inter em 2020 chegou a R$ 5,6 milhões, ficando abaixo do resultado do ano anterior, quando chegou a R$ 81,6 milhões. Em maiores detalhes, a instituição reportou lucro apenas em 2 dos quatro trimestres de 2020, justificado pelo impacto das despesas.
Quanto ao ROE, o resultado apresentado no quarto trimestre de 2020 foi de apenas 0,2%. Ao mesmo tempo, a média desse ano chegou a 2%, enquanto o ano de 2019 teve uma média de 7,5%.
Carteira de crédito e Índice de Basileia
A respeito de sua carteira de crédito ampliada em 2020, o Inter encerrou o ano acumulando R$ 9,44 bilhões. Conforme o gráfico a seguir, houve uma alta de 86,6% em comparação com a carteira ao fim de 2019.
Observando a qualidade da carteira, houve uma melhora a partir do segundo trimestre de 2020. A partir daqueles período a carteira D-H, ou seja, os casos mais complicados, teve uma trajetória de queda encerrando o ano passado com participação de 3,1%.
Ao mesmo tempo, a inadimplência acima de 90 dias acompanhou esse movimento para patamares confortáveis. Em contrapartida, observando o grupo dos 50 maiores devedores, eles são responsáveis por 44,5% das operações de crédito. Considerando que em 2019 esse grupo representava 25,8%, houve um aumento da concentração e um fator a se observar.
Em conclusão, o Índice de Basileia, ou seja, o indicador que mede o grau de alavancagem de uma instituição financeira, alcançou 31,8% no 4T20. Considerando que a exigência mínima do BC é de 11%, o indicador do Inter se manteve em patamares bem altos em todos os trimestres do ano passado.
Afinal, o Banco Inter é confiável para investir?
Na visão de analistas do mercado, o Banco Inter (BIDI4) tem apresentado uma estratégia focada em um aumento de sua base de clientes, onde se mostra bem sucedida. Dessa maneira, as despesas estão ajustadas para atender a esse objetivo. Por outro lado, a rentabilidade acaba sendo impactada, se tornando pouco atraente.
Ainda assim, a diversificação de suas atividades e o Índice de Basileia elevado permitem considerar um cenário de melhora na rentabilidade. Ao mesmo tempo, a carteira teve uma melhora na qualidade, mas viu uma elevação de sua concentração entre os maiores devedores. Portanto, as melhoras contam com pontos de atenção, mas com potencial suficiente para resultados positivos.
Por fim, este artigo não promove recomendações de compra ou venda de ativos, possuindo exclusivamente a finalidade de informar os leitores.