- Crise de confiança: Brasil enfrenta crise de confiança, semelhante ao segundo mandato de Dilma Rousseff.
- Alta do dólar: Dólar atinge R$ 5,86, maior valor desde março de 2020, acumulando valorização de mais de 20% em 2024.
- Juros elevados: Juros futuros retornam ao patamar de 13%.
- Desvalorização da bolsa: Ibovespa registra queda de 19% em dólares, ficando atrás apenas do índice mexicano IPyC.
- Expectativas do mercado: Investidores aguardam anúncio de pacote de ajustes fiscais prometido pelo governo.
- Impacto nas contas públicas: Alta do dólar encarece importações, impactando inflação e dificultando trabalho do Banco Central.
- Reações do governo: Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cancela viagem à Europa para finalizar medidas de corte de gastos.
- Desafios econômicos: Governo Lula precisa agir rapidamente para implementar medidas de contenção de gastos e restaurar confiança do mercado.
A recente alta do dólar, que alcançou R$5,86, o maior valor desde março de 2020, evidencia o temor do mercado em relação à promessa do governo de equilibrar as contas públicas. A moeda norte-americana acumulou uma valorização de mais de 20% em 2024, impulsionada pela incerteza sobre o pacote de ajustes fiscais ainda não apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Além disso, os juros futuros retornaram ao patamar de 13%, nível não visto desde o início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
A situação atual reflete o descontentamento do mercado com as políticas econômicas do governo Lula. Para analistas e investidores, o cenário atual apresenta um Brasil que enfrenta uma crise de confiança que remete ao segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, marcada por incertezas fiscais, alta do dólar e desvalorização da bolsa.
O Ibovespa, principal índice da B3, registrou uma queda de 19% em dólares, ficando atrás apenas do índice mexicano IPyC, que perdeu 25,46% no mesmo período.
“O governo começou a semana dando sinais de uma discussão mais estrutural sobre medidas de contenção de gastos, porém a percepção de que as medidas não seriam anunciadas tão rapidamente como o mercado imaginava começou a gerar um desconforto,” afirmou Luciano Costa.
Expectativa do mercado
O mercado financeiro tem aguardado ansiosamente o anúncio do pacote de ajustes fiscais prometido pelo governo. A falta de clareza sobre as medidas a serem adotadas tem gerado desconforto entre os investidores. A crise de confiança também afeta as contas públicas do Brasil. A disparada do dólar encarece as importações, impactando diretamente a inflação e dificultando o trabalho do Banco Central em levar o IPCA para a meta de 3%.
“O mercado ficou absolutamente estressado com a notícia da viagem, pois isso de alguma forma simboliza uma falta de urgência na decisão de controle de gastos”, afirmou Roberto Padovani.
economista-chefe do banco BV em declaração a Isto é Dinheiro.
Em resposta à crise, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cancelou uma viagem à Europa para se dedicar aos “temas domésticos” e finalizar as medidas de corte de gastos. A expectativa é que o pacote de ajustes seja anunciado ainda nesta semana, trazendo alívio ao mercado.
De acordo com informações do Portal G1, a reunião realizada as portas fechadas ontem que contou com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet (Planejamento) e Esther Dweck (Gestão), além de integrantes do segundo escalão dos ministérios, teria sido marcada por um clima bastante tenso. A secretária da Casa Civil, Miriam Belchior questionou, inclusive, a ausência dos ministros das pastas que serão atingidas pela contenção de gastos.
Havia a expectativa de algum anúncio ou declaração logo após a reunião, o que não aconteceu. Novos encontros acontecem nesta terça-feira (5) com integrantes de outros ministérios que devem ser atingidos, como a pasta de Desenvolvimento Social, de Wellington Dias, e da Previdência Social, de Carlos Lupi. Entre os temas estão mudanças no BPC (Benefício de Prestação Continuada) e em benefícios do INSS.