A Comissão de Agricultura do Senado (CRA) aprovou, nesta quarta-feira (27), uma moção de repúdio ao deputado francês Vincent Trébuchet. Durante uma sessão na Assembleia Nacional da França, o parlamentar chamou a carne brasileira de “lixo” enquanto criticava o acordo entre Mercosul e União Europeia (UE), que foi rejeitado pelos legisladores franceses.
A declaração provocou indignação entre parlamentares e representantes do setor agropecuário no Brasil, que consideraram o comentário ofensivo e prejudicial à imagem da produção bovina brasileira. O episódio ocorreu em meio a tensões já existentes entre os dois países, agravadas por recentes declarações do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, que anunciou que a rede francesa deixaria de vender carnes oriundas do Mercosul.
A fala do deputado francês veio à tona pouco após a polêmica envolvendo Alexandre Bompard, que afirmou na semana passada que o Carrefour deixaria de comercializar carne bovina de países do Mercosul, incluindo o Brasil. A declaração gerou forte repercussão no setor agropecuário brasileiro, que respondeu com um movimento de boicote à empresa.
Diante da pressão, Bompard recuou e enviou, na terça-feira (26), uma carta de desculpas ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. No documento, o CEO do Carrefour afirmou que a decisão havia sido mal interpretada e reiterou o compromisso da rede com o respeito às normas ambientais e comerciais.
Senadores defendem produtores brasileiros
Durante a reunião do colegiado, o presidente da CRA, senador Alan Rick (União-AC), apresentou a moção de repúdio contra o deputado francês, afirmando que suas palavras eram “uma atitude que envergonha a França”. Rick defendeu a qualidade da produção agropecuária brasileira e destacou o rigor do Código Florestal no país.
No momento em que se discute um acordo entre o Mercosul e a União Europeia para simplificar regras e reduzir custos do ponto de vista tributário, vemos um movimento lamentável, tanto do grupo Carrefour, que já voltou atrás, quanto da fala do deputado francês. O Brasil e seus produtores devem ser respeitados. O Código Florestal brasileiro é rigoroso e a agricultura respeita as regras ambientais.
Outros senadores também se manifestaram em defesa do setor produtivo brasileiro. Jaime Bagattoli (PL-RO) apontou que as declarações do deputado Vincent Trébuchet refletem uma tentativa de minar a competitividade dos produtos agrícolas do Brasil no mercado internacional.
— É inadmissível que falem isso da nossa produção bovina. O Brasil é um dos maiores exportadores de carne do mundo, e nossa produção segue normas rigorosas de qualidade e sustentabilidade — afirmou Bagattoli.
Acordo Mercosul-UE em xeque
As declarações do parlamentar francês também colocaram em evidência os desafios para a concretização do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, que tem enfrentado resistência de países europeus, especialmente em temas relacionados à agricultura e sustentabilidade.
Enquanto líderes brasileiros argumentam que o acordo trará benefícios econômicos mútuos e reforçam o compromisso do Brasil com a proteção ambiental, críticos europeus têm levantado preocupações sobre o desmatamento na Amazônia e as condições de produção no setor agropecuário.
A moção de repúdio aprovada pelo Senado brasileiro reflete o desejo de defender a reputação da agricultura nacional e de reforçar a necessidade de um diálogo respeitoso entre as nações.
— É importante que o Brasil continue mostrando ao mundo a qualidade da sua produção agrícola e pecuária e que enfrentemos essas declarações com firmeza, mas também com argumentos sólidos e baseados em fatos — concluiu Alan Rick.