Em meio às preocupações sobre o impacto do aumento da tarifa de eletricidade no Paraguai, o presidente da Administração Nacional de Eletricidade (ANDE), Félix Sosa, declarou recentemente à imprensa local que nenhuma empresa de mineração de Bitcoin decidiu sair do país.
Essa afirmação contrasta com os alertas emitidos anteriormente pela Câmara Paraguaia de Mineração de Ativos Digitais (Capamad), que havia previsto um êxodo em massa devido ao aumento de 16% nas tarifas de energia elétrica.
Segundo Sosa, ao contrário das expectativas de saída, mais mineradoras de Bitcoin têm escolhido se instalar no Paraguai. Ele citou o exemplo de uma empresa que firmou um acordo com a ANDE para o fornecimento de 6 megawatts (MW) de energia, estabelecendo-se no departamento de Coronel Bogado, a 300 quilômetros da capital, Assunção.
Até o momento, existem 72 mineradoras de Bitcoin operando legalmente no país, com um total de 391 MW de potência contratada. Além disso, há pedidos para mais 400 MW aguardando a assinatura de novos contratos.
Projetos Futuros e Receitas
Sosa também destacou um projeto avançado para a instalação de um pool de mineração de Bitcoin de 100 MW, que poderia gerar receitas de aproximadamente US$ 100 milhões para a nação este ano. Este projeto envolve a Hive Digital, uma das grandes mineradoras de Bitcoin internacionais, que anunciou sua intenção de se estabelecer no Paraguai em julho passado.
Apesar das afirmações de Sosa, a Capamad e outras fontes apresentam uma narrativa diferente. Empresas como a Joint Venture e o Grupo Penguin decidiram migrar para outros países, como Argentina e Brasil, devido ao aumento das tarifas. De acordo com a Capamad, mais de 50 empresas de mineração de Bitcoin podem deixar o Paraguai, resultando em uma perda estimada de US$ 1,5 bilhão em receitas e afetando cerca de 1.200 empregos diretos.
O aumento de 16% na tarifa de energia elétrica, anunciado pela ANDE no final de junho, gerou críticas tanto do setor de mineração quanto de políticos. O deputado Salyn Buzarquis classificou o reajuste tarifário como um “roubo” para os mineradores legais, que já pagam mais pela energia elétrica em comparação com outros consumidores, como os do Brasil e da Argentina.
Juanjo Benítez Rickmann, presidente da Capamad, esclareceu que os comentários de Sosa foram feitos quando as empresas ainda acreditavam que poderiam negociar para evitar o aumento das tarifas. Contudo, desde o início de agosto, pedidos de cancelamento de contratos têm sido feitos pelas mineradoras à ANDE, demonstrando a insatisfação do setor com as novas condições.
Dificuldade de mineração de Bitcoin atinge recorde histórico
Apesar da recente queda no preço do Bitcoin, um indicador específico continua impressionando a comunidade cripto: a dificuldade de mineração. De acordo com dados do BTC.com, a dificuldade do Bitcoin atingiu um novo recorde histórico na quarta-feira (31), alcançando 90,67 trilhões de hashes. Este aumento na dificuldade indica a necessidade de maior poder computacional e energia para realizar o trabalho de mineração, refletindo um ambiente cada vez mais competitivo para os mineradores.
A Importância da Dificuldade de Mineração
A função de hash é uma operação matemática essencial realizada pelos mineradores de Bitcoin como parte do processo de segurança da blockchain. Quanto maior a dificuldade, mais complexo se torna o processo de mineração, exigindo mais recursos computacionais e energéticos. Este aumento na dificuldade “reduziu significativamente as margens para as empresas de mineração de capital aberto”, afirmou Nishant Sharma, fundador da BlocksBridge Consulting, ao site Decrypt.
Sharma destacou que o aumento da dificuldade está forçando as empresas de mineração a diversificar suas fontes de receita ou a aumentar seus investimentos em Bitcoin na esperança de um mercado em alta. “Aqueles que estão diversificando estão reaproveitando sua infraestrutura de mineração para aplicações de computação de alto desempenho, como IA”, acrescentou. “Enquanto isso, aqueles que estão dobrando a aposta estão segurando ou comprando mais Bitcoin, seguindo o exemplo da MicroStrategy, que essencialmente atua como um ETF de Bitcoin.”