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Diante do nível de incertezas e do lento processo de desinflação, a taxa de juros deverá continuar em patamares significativamente contracionistas durante o primeiro semestre deste ano, aponta Everton Gonçalves, superintendente da Assessoria Econômica da ABBC — Associação Brasileira de Bancos.
“Com algum otimismo, esperamos que o início do ciclo de flexibilização da política monetária só seja possível para meados do segundo semestre, levando a atual taxa Selic de 13,75% a.a. para o patamar de 11,75% a.a. ao final de 2023”, analisa.
Quanto à dinâmica inflacionária, o especialista da ABBC recomenda atenção, já que vários indicadores mostram trajetória incompatível com o cumprimento das metas.
“Mesmo com a evolução recente favorável, espera-se que a inflação em 2023 tenha um ritmo de elevação muito próximo do verificado nesse momento e a convergência só ocorreria em 2024.”
Pelo lado da oferta, a ABBC acredita que a atenção estará voltada para a eventual concretização na produção de insumos industriais, a evolução da taxa de câmbio e das cotações das commodities em reais, sem esquecer dos impactos da reversão ou não dos cortes de impostos sobre os combustíveis.
“Já pelo lado da demanda, os indícios de estreitamento do hiato do produto, principalmente no mercado de trabalho, deverão ser compensados pela desaceleração econômica já contratada para 2023 e a deterioração das condições financeiras”, afirma o especialista da ABBC.
Everton também acredita que o processo de ajuste monetário brasileiro está mais adiantado quando comparado com as principais economias mundiais. “Assim, os efeitos restritivos sobre a demanda interna já estariam mais presentes, de modo que se espera uma desaceleração da expansão do PIB de 3,0% em 2022 para uma taxa entre 0,8% e 1,0% em 2023”, analisa.
“Entretanto, dependendo do grau de impacto das variáveis da economia internacional, a dinâmica interna poderá ser afetada, principalmente pelo canal dos prêmios de riscos e termos de troca.”
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