
- Nvidia fez novo pedido de 300 mil chips H20 à TSMC após pressão de demanda da China.
- Retomada parcial das vendas foi autorizada por Trump em negociação geopolítica.
- Apesar das sanções, empresa tenta evitar perda de mercado para rivais como Huawei.
A Nvidia surpreendeu o mercado ao fazer um pedido adicional de 300 mil chips H20 à TSMC, maior fabricante de semicondutores do mundo. A decisão expõe um movimento estratégico diante da retomada parcial das vendas à China, permitida recentemente pelo governo Trump.
Apesar das sanções, a gigante americana busca atender à crescente demanda chinesa, revelando uma guinada silenciosa em sua política de estoques. A encomenda reforça a importância do chip H20 na disputa por influência na inteligência artificial global.
Nvidia reativa produção e aposta na China
Segundo duas fontes ouvidas pela Reuters, a Nvidia optou por retomar os pedidos junto à TSMC na semana passada. A escolha representa uma mudança relevante na estratégia da empresa, que havia suspendido a produção após restrições de exportação impostas pelos Estados Unidos.
Então, as novas unidades vão se somar ao estoque atual, estimado entre 600 mil e 700 mil chips H20. A decisão de ampliar esse número ocorre mesmo com incertezas sobre as licenças de exportação, que ainda aguardam aprovação formal do Departamento de Comércio dos EUA.
Ademais, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, havia dito em viagem recente a Pequim que só reativaria a produção mediante volume significativo de pedidos. Agora, com a pressão do mercado chinês e a sinalização do governo americano, a companhia decidiu agir com rapidez.
Desse modo, o H20 foi desenvolvido especialmente para a China, em resposta às sanções que barraram a venda dos chips H100 e da série Blackwell. Embora seja menos potente, ele continua competitivo para aplicações de IA menos intensivas.
Pressão da China muda cálculo estratégico
A demanda chinesa cresceu substancialmente após o afrouxamento temporário das restrições. Empresas como Alibaba, ByteDance e Tencent aumentaram os pedidos para alimentar modelos próprios e ferramentas econômicas de IA, como os da DeepSeek.
Com isso, a Nvidia passou a solicitar nova documentação das empresas interessadas, incluindo previsões detalhadas de compras futuras. A exigência mostra que a empresa está organizando um plano de abastecimento mais estruturado e alinhado com as exigências regulatórias.
Assim, a reabertura parcial do mercado chinês foi negociada dentro de um pacote mais amplo envolvendo elementos de terras raras. Pequim havia restringido as exportações desses insumos estratégicos, fundamentais para a indústria ocidental, em meio à escalada da guerra comercial.
Analistas observam que, mesmo com críticas internas nos EUA, a decisão de liberar temporariamente o H20 para a China serve de moeda de troca geopolítica. Portanto, a Nvidia, por sua vez, corre contra o tempo para evitar a migração dos desenvolvedores chineses para chips rivais, como os da Huawei.
Impactos bilionários e risco político
Em abril, a proibição total das vendas de H20 levou a Nvidia a alertar para um prejuízo de US$ 5,5 bilhões em estoques encalhados. Jensen Huang também declarou que a medida poderia fazer a empresa abrir mão de até US$ 15 bilhões em receita futura.
Sendo assim, mesmo com os riscos políticos, a companhia insiste que manter presença na China é essencial. Seus chips funcionam com ferramentas próprias de software, o que cria uma dependência natural e limita a migração para concorrentes.
Além disso, o governo dos EUA, no entanto, ainda não confirmou oficialmente a liberação definitiva das licenças de exportação. Enquanto isso, a Nvidia atua nos bastidores para garantir que os envios dos novos H20 ocorram dentro da janela permitida.
Por fim, a popularidade dos produtos da Nvidia permanece alta entre os chineses. A escassez gerada pelas sanções impulsionou até mesmo o mercado paralelo de GPUs, com chips antigos sendo contrabandeados e revendidos para manutenção.