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A LG pretende declarar guerra às geladeiras chinesas e o Brasil será o campo de batalha

Com nova fábrica em Curitiba e modelos mais baratos, a gigante sul-coreana quer disputar espaço com Whirlpool, Electrolux e marcas chinesas.

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Crédito: Depositphotos.
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  • LG investe R$ 1,5 bilhão em fábrica de geladeiras no Paraná, com produção prevista para 2026.
  • Meta é dobrar o market share e oferecer modelos mais acessíveis, a partir de R$ 3,5 mil.
  • Empresa aposta em eficiência energética e design adaptado ao consumidor brasileiro.

A LG Electronics decidiu entrar de vez na guerra das geladeiras no Brasil. A empresa vai investir R$ 1,5 bilhão em uma nova fábrica de refrigeradores na região metropolitana de Curitiba, com operação prevista para o segundo trimestre de 2026.

O movimento marca uma mudança estratégica de posicionamento: a marca, antes associada apenas à classe alta, quer conquistar o consumidor médio e barrar o avanço de rivais chinesas como Hisense e Midea.

Nova fábrica e aposta nacional

O novo complexo industrial terá capacidade para produzir 350 mil geladeiras por ano e será responsável por praticamente toda a linha da LG vendida no país. Apenas os modelos mais premium continuarão importados.

Segundo Daniel Song, presidente da LG Electronics para a América Latina, o investimento é “uma das maiores apostas da empresa no Brasil”. Ele afirma que nacionalizar a produção reduz custos, garante resposta mais rápida ao varejo e melhora o atendimento às regras de eficiência energética.

O mercado brasileiro de refrigeradores movimenta R$ 16 bilhões anuais e vende cerca de 5 milhões de unidades. Com a nova fábrica, a LG quer dobrar sua participação, saltando de 4,3% para 10% de market share até o fim de 2026.

Produtos mais acessíveis e foco em energia

Para conquistar o público da classe média, a LG começou a lançar modelos mais baratos. Se antes o tíquete médio girava em torno de R$ 10 mil, agora é possível encontrar geladeiras por R$ 3,5 mil.

Entretanto, como a nova planta ainda não começou a operar, esses produtos continuam importados, o que faz a empresa queimar caixa temporariamente para sustentar a estratégia de preço competitivo.

Mesmo assim, o vice-presidente de vendas, Roberto Barboza, garante que a LG aposta na “democratização da inovação”. Um dos diferenciais é o consumo reduzido: a geladeira mais econômica da marca gasta 30 kWh/mês, o que representa cerca de R$ 30 mensais em São Paulo, a maior eficiência energética do mercado.

Comportamento brasileiro e inovação local

Além de investir em tecnologia, a LG fez pesquisas de campo com consumidores brasileiros para entender seus hábitos de uso. A equipe visitou casas, aplicou questionários e observou padrões de consumo.

Além disso, o resultado foi a criação de modelos exclusivos para o Brasil, com painel externo e layout interno otimizado. “O brasileiro abre a porta muitas vezes, então o freezer precisa ser maior”, explica Barboza.

Desse modo, a empresa também incluiu bandejas de ovos, item ausente em modelos internacionais. “Todo brasileiro quer uma bandeja de ovos. É um detalhe cultural simples, mas faz diferença na decisão de compra”, disse o executivo.

Marketing regional e disputa por liderança

A LG planeja uma grande campanha de marketing nacional, com micro e nanoinfluenciadores, além de anúncios em TV aberta. Assim, a meta é conectar o público regional à nova fase da marca.

“Queremos falar com quem está comprando sua primeira ou segunda geladeira com o mesmo tom aspiracional que usamos nas TVs OLED”, diz Barboza.

Por fim, com o avanço da produção local, a empresa acredita que poderá competir de igual para igual com Whirlpool e Electrolux. “Agora, temos condições reais de buscar a liderança em refrigeradores”, afirma Daniel Song.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.