
- Xiaomi quer vender carros elétricos na Europa até 2027, mesmo enfrentando tarifas pesadas
- Divisão automotiva cresce rápido, já entregou 157 mil veículos em 2025 e pode se tornar lucrativa ainda este ano
- Valuation da Xiaomi já supera o da BYD, aumentando a pressão sobre a rival chinesa
A Xiaomi, gigante chinesa da tecnologia conhecida por seus smartphones, está prestes a se tornar uma pedra no sapato da BYD. A empresa já conquistou espaço relevante em seu mercado doméstico. Ela anunciou que pretende vender carros elétricos na Europa até 2027, ampliando a ofensiva contra a Tesla e principalmente contra a montadora de Shenzhen.
A aposta é bilionária: com um investimento de US$ 10 bilhões no setor automotivo, a companhia liderada por Lei Jun mira nada menos do que se tornar uma das cinco maiores montadoras do mundo em até 20 anos.
Crescimento explosivo e ameaça direta
No segundo trimestre de 2025, a Xiaomi registrou crescimento de 31% na receita, impulsionado principalmente por sua divisão de veículos elétricos, que entregou mais de 81 mil carros entre abril e junho. No acumulado do primeiro semestre, já são 157 mil unidades, número que coloca a empresa no caminho para superar todo o volume de 2024.

O sucesso do SUV YU7, lançado no fim de junho, resultou em filas de espera de mais de um ano, mostrando força de demanda e reforçando a confiança da empresa de que o negócio se tornará lucrativo ainda em 2025.
Esse desempenho pressiona diretamente rivais como BYD e Tesla, que enfrentam margens cada vez menores em meio à guerra de preços global.
Obstáculos regulatórios na Europa e nos EUA
Apesar do avanço, a Xiaomi terá de superar barreiras pesadas para competir fora da China. A União Europeia impôs tarifas que podem chegar a 48% sobre veículos elétricos chineses, considerando subsídios estatais como prática de concorrência desleal.
Nos Estados Unidos, a situação é ainda mais drástica: as tarifas chegam a 100%, praticamente inviabilizando a entrada de fabricantes chineses no maior mercado automotivo do mundo.
Mesmo assim, executivos da Xiaomi afirmam que podem replicar na Europa o modelo de negócios bem-sucedido na China. Lá, as margens são maiores e a eletrificação avança rapidamente.
Smartphones em queda, mas carros em ascensão
Enquanto a divisão de veículos ganha tração, os smartphones, ainda principal fonte de receita da Xiaomi, registraram queda de 2,1% no trimestre. Para compensar, a empresa tem apostado em inteligência artificial, semicondutores e, sobretudo, em sua nova frente automotiva.
A entrada no setor de carros elétricos já rendeu frutos no mercado financeiro: a Xiaomi ganhou cerca de US$ 120 bilhões em valor de mercado no último ano, ultrapassando a própria BYD em termos de valuation.
Por fim, esse contraste reforça a percepção de que a força da Xiaomi nos próximos anos virá da mobilidade elétrica, e não mais dos celulares.