Catalisadores à vista

A surpresa que fez EMBR3 disparar pode ser só o começo, dizem analistas

Após escapar das tarifas de 50% impostas pelos EUA, Embraer vira aposta quente de bancos como JPMorgan, BTG e Itaú BBA para o 2º semestre.

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Sede da embraer
Sede da embraer
  • Ações EMBR3 subiram quase 11% após os EUA excluírem aviões brasileiros do tarifaço.
  • Analistas projetam novas máximas históricas e alta de até 23% nos papéis.
  • Expectativa positiva para os resultados do 2T25 e voo experimental da Eve.

A Embraer (EMBR3) viveu uma reviravolta relâmpago no mercado de ações. Assim, após acumular queda de 15% em julho por temor de tarifas americanas, os papéis dispararam quase 11% na quarta-feira (30) com o alívio de que os aviões brasileiros ficariam fora do tarifaço de Donald Trump.

Portanto, bancos como JPMorgan, Itaú BBA, BTG Pactual e Bradesco BBI passaram a reforçar projeções otimistas, prevendo não só recuperação, mas também a chance real de as ações renovarem suas máximas históricas ainda neste trimestre.

Reação imediata: Embraer escapa da sanção e vira aposta

A decisão dos EUA de poupar aeronaves brasileiras das tarifas de 50% provocou uma reação imediata na Bolsa. EMBR3 fechou em alta de 10,93%, a R$ 76,25, enquanto o ADR ERJ, negociado em Nova York, subiu 10,54%, a US$ 54,83.

Ademais, segundo Gustavo Cruz, da RB Investimentos, era improvável que os EUA mantivessem sanções sobre a Embraer, já que a medida impactaria diretamente companhias aéreas americanas. Para Jeff Patzlaff, consultor financeiro, o lobby corporativo falou mais alto e pressionou o governo a recuar.

Desse modo, o movimento de alívio retira a Embraer do grupo de empresas mais prejudicadas pelo tarifaço e a recoloca como uma das queridinhas da Bolsa, em especial com o bom momento operacional e as entregas sólidas previstas no radar.

Projeções otimistas: novas máximas à vista?

O JPMorgan reafirmou recomendação de compra (overweight) para EMBR3 e apontou quatro fatores para uma nova valorização. Entre eles, o fim do temor tarifário, uma carteira recorde de pedidos no 2T25 (US$ 29,7 bilhões) e a expectativa de um resultado trimestral robusto.

Além disso, o banco também aposta em possíveis negócios com a Latam Airlines e no impacto positivo do voo experimental da Eve, previsto para setembro. Para atingir sua máxima histórica recente (R$ 83,71), EMBR3 ainda tem potencial de alta de cerca de 10%.

No mesmo tom, o Itaú BBA manteve recomendação outperform, com preço-alvo de US$ 62 para os papéis ERJ, e voltou a incluir a Embraer como sua principal escolha no setor aéreo da América Latina.

Cenário operacional favorece retomada dos lucros

Para o BTG Pactual, o foco agora se volta aos fundamentos: entregas, backlog e resultado do 2T25. O banco projeta um trimestre sólido, apoiado pelo mix de produtos e recuperação gradual do fluxo de caixa.

Embora as aeronaves militares ainda estejam sujeitas a tarifas, analistas ressaltam que a Embraer não tem modelos como o C-390 ou o Super Tucano atualmente em negociação com os EUA, o que minimiza riscos.

Mesmo com as tarifas de 10% mantidas desde abril, o impacto no EBIT seria de no máximo 7% em 2025. Já as entregas de jatos E175 seguiram dentro do cronograma, com clientes absorvendo os custos, o que reduz o risco de cancelamentos ou atrasos.

Embraer volta ao jogo: expectativa para os próximos passos

Com a exclusão do tarifaço, o mercado passa a olhar para o futuro da Embraer com mais otimismo. O BBI acredita que a companhia pode até ajustar os preços das novas aeronaves para mitigar impactos tarifários.

Além disso, há confiança de que o backlog continuará sendo um dos maiores trunfos da fabricante.

Por fim, a teleconferência de resultados da próxima terça-feira (5) deve trazer respostas mais claras sobre os planos da empresa para o segundo semestre, e pode ser mais um gatilho para o papel se aproximar ou mesmo superar os R$ 83,71 da máxima anterior.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.