
As ações da Azul (AZUL4) entraram em turbulência nesta quarta-feira (14), com queda expressiva de 14%, sendo negociadas a R$ 1,23 por volta das 11h20. O movimento ocorre após a companhia aérea divulgar um prejuízo líquido ajustado de R$ 1,816 bilhão no primeiro trimestre de 2025 (1T25) — um salto de 460,4% em relação ao mesmo período de 2024.
O número surpreende negativamente o mercado, principalmente por contrastar com o lucro líquido contábil de R$ 783,1 milhões, impulsionado por ajustes extraordinários que mascaram a real deterioração do desempenho financeiro.
Apesar do resultado líquido desanimador, a Azul exibiu resiliência operacional. A receita operacional avançou 15,3%, atingindo R$ 5,4 bilhões, enquanto o EBITDA (lucro antes juros e amortizações) ajustado cresceu 29,4%, para R$ 1,385 bilhão.
Já a margem EBITDA ajustada recuou 4,6 pontos percentuais, ficando em 25,7%.
Para Marco Noernberg, head de renda variável da Manchester Investimentos, o cenário da Azul ainda é desafiador, mas menos crítico que o da rival Gol (GOLL4).
“A Azul tem uma expectativa um pouco melhor de crescimento do que a Gol. Ela tem um guidance mais positivo, com previsão de crescimento de receita e busca pelo ponto de equilíbrio nos próximos trimestres”, explicou o analista.
Parte da estratégia para enfrentar a turbulência inclui o recente aumento de capital, medida que visa reduzir a alavancagem financeira da empresa.
No entanto, o movimento pode gerar diluição para os acionistas atuais, principalmente se novas emissões forem necessárias.
A companhia ainda sofre com o impacto de juros elevados e dólar valorizado, que pressionam os custos do setor aéreo nacional.
“O setor permanece de alto risco. Embora a Azul esteja se estruturando melhor, não vejo grandes surpresas positivas no curto prazo”, conclui Noernberg.