
O anúncio da antecipação na conversão de dívidas e ajustes na estrutura de capital da Casas Bahia (BHIA3) pegou o mercado de surpresa e foi recebido com entusiasmo investidores. Por volta das 11:15 desta sexta-feira (6), as ações BHIA3 subiam 11,44%, cotadas a R$ 4,49.
Para a XP Investimentos e Genial Investimentos, o movimento é visto como estratégico e bem-vindo — ainda que o risco de diluição dos acionistas permaneça no radar.
“Vemos esses anúncios como um passo positivo para a reestruturação da BHIA”, afirmou a XP, destacando que as medidas podem reduzir significativamente a alavancagem da companhia e permitir que ajustes operacionais se transformem em lucro líquido e geração de caixa.
Já a Genial classificou a notícia como “positiva e surpreendente pela antecipação”, ressaltando que a iniciativa ajuda a “reprecificar o risco de crédito” e abre espaço para uma reestruturação mais robusta da companhia.
O que muda com o novo plano de capital
O novo Plano de Estrutura de Capital anunciado pela Casas Bahia inclui:
- Antecipação da conversão de debêntures de outubro para junho de 2025, com um lock-up de até 16 meses;
- Renegociação do cronograma de amortização e juros de parte da dívida remanescente (R$ 1,6 bilhão), adiada em um ano;
- Pedido de renúncia aos debenturistas para não usar recursos de um potencial Evento de Liquidez para amortização antecipada.
Segundo o CEO da BHIA, a operação pode gerar economia de R$ 230 milhões por trimestre em despesas financeiras e um benefício adicional de fluxo de caixa de R$ 400 milhões nos próximos dois anos.
Novo controlador à vista e risco de diluição
Um ponto que gera atenção no mercado é a mudança no controle acionário da empresa. Bradesco e Banco do Brasil, os dois principais credores, não ficarão com o controle após a conversão.
Segundo informações do mercado, eles venderão suas participações para um novo player financeiro — ainda não revelado — que se tornará o maior acionista da Casas Bahia.
Esse movimento, segundo a XP, pode resultar em uma diluição significativa dos acionistas atuais, de até 77% com base nos preços atuais. Um eventual follow-on de até R$ 500 milhões também está no radar, o que pode aprofundar ainda mais a diluição.
A Genial, por outro lado, vê a pulverização do controle como positiva, pois reduz o risco de concentração bancária e melhora a governança.
Nesse sentido, a casa também destacou a extensão da carência de juros e principal para novembro de 2027, um ano a mais que o previsto, e a suspensão temporária da obrigação de cash sweep, o que dá à companhia maior fôlego para executar sua transformação.
Próximos passos da Casas Bahia
O plano será submetido ao Conselho da BHIA em 12 de junho, com fechamento estimado para o fim do segundo trimestre ou início do terceiro. A XP manteve recomendação neutra para o papel, à espera da confirmação dos próximos desdobramentos, incluindo a possibilidade de captação no mercado.