
A CSN Mineração (CMIN3) observa suas ações despencarem quase 5% nesta terça-feira (27), após o banco Morgan Stanley rebaixar a recomendação para a companhia que passou de equal-weight (neutro) para underweight (venda), com preço-alvo reduzido de R$ 6,20 para R$ 5,30.
Por volta das 11:25, os papéis CMIN3 caíam 4,35% a R$ 5,28.
A decisão do banco americano é fundamentada em um cenário desafiador para o minério de ferro, marcado por uma dinâmica de oferta e demanda (S&D) mais difícil, e um alto risco de execução no principal projeto de expansão da companhia: a mina Itabirito P15.
Prevista para adicionar 16,5 milhões de toneladas por ano com teor de ferro de 67%, a operação da Itabirito P15 já foi adiada por quatro anos consecutivos — do esperado início em 2023 para agora o quarto trimestre de 2027.
Risco na entrega do projeto e impacto financeiro
O Morgan Stanley destaca que o atraso pode ser ainda maior e o projeto corre sério risco de não ser entregue dentro do prazo e do orçamento planejados, o que comprometeria o desempenho da CSN Mineração frente ao cenário-base.
Além disso, a situação do fluxo de caixa da mineradora preocupa. A empresa possui sete contratos de pré-pagamento ativos, que somam cerca de 55,1 milhões de toneladas a serem entregues até o quarto trimestre de 2029, com recursos antecipados de US$ 2,4 bilhões.
Embora esses acordos tragam liquidez imediata, eles acabam pressionando o capital de giro, já que o pagamento dos passivos relacionados reduz a conversão do EBITDA em fluxo de caixa livre ao longo do tempo.
Nesse sentido, o Morgan Stanley projeta um rendimento médio negativo de fluxo de caixa livre de 9% entre 2025 e 2027, assumindo que não haja novos contratos de pré-pagamento.
Projeções revisadas para o desempenho
Com as revisões, o banco estima um EBITDA (lucro antes juros, impostos e amortizações) de R$ 1,63 bilhão para o segundo trimestre de 2025 — queda de 3,8% em relação à estimativa anterior — e R$ 6,41 bilhões para todo o ano de 2025 (-9%).
Para 2026, a projeção é de R$ 7 bilhões (-15,5%), seguida por R$ 6,86 bilhões em 2027 (-16,3%) e R$ 12,1 bilhões em 2028 (-13,3%).
O lucro por ação normalizado (EPS) também deve sofrer ajustes: R$ 0,10 no 2T25, R$ 0,24 em 2025, R$ 0,27 em 2026, R$ 0,19 em 2027 e R$ 0,68 em 2028.
Apesar dessas estimativas ainda estarem acima do consenso de mercado, a ação da CSN Mineração está sendo negociada a 4,7 vezes EV/EBITDA para 2025 — cerca de 15% acima da média histórica —, o que, combinado com fluxo de caixa livre negativo, traz um risco maior para os investidores.
Mercado de minério de ferro sob pressão
Para completar o cenário complicado, a equipe de commodities do Morgan Stanley projeta que o preço do minério de ferro vai cair, em média, para US$ 100 por tonelada em 2025 e US$ 95 por tonelada em 2026, contra US$ 110/t em 2024 e o valor atual à vista, que gira em torno de US$ 100/t.
Essa queda é atribuída a um superávit crescente no mercado global, que deve atingir 62 milhões de toneladas em 2025, com oferta crescendo de forma contínua até 2029.
O aumento da oferta vem, entre outras fontes, da entrada da mina Simandou, que deve agregar 20 milhões de toneladas a partir de 2026.
Do lado da demanda, o Morgan Stanley aponta que a desaceleração, especialmente da China, é o principal fator que contribui para essa nova configuração de S&D no mercado do minério.