
As ações da Gol (GOLL4) operam em alta nesta quarta-feira (21), após a companhia receber aval da Justiça dos Estados Unidos para seu plano de reestruturação financeira no âmbito do Chapter 11 — equivalente à recuperação judicial no Brasil.
Por volta das 11:00, os papéis subiam 12,75%, cotados a R$ 1,15.
O que esse movimento representa para a Gol?
Com a decisão, a companhia aérea afirma estar “focada em concluir as etapas finais” do processo de reestruturação.
O próximo passo imediato será a realização de uma assembleia-geral de acionistas, marcada para o dia 30 de maio, quando será votado o aumento de capital previsto no plano.
Segundo a empresa, o objetivo é emergir do processo com “posição competitiva, balanço e desempenho operacional fortalecidos”.
Parte central desse fortalecimento passa pela significativa redução do endividamento da Gol, com a conversão de até US$ 1,6 bilhão em dívidas financeiras e mais US$ 850 milhões em outras obrigações em capital próprio ou extinção dos débitos.
Essa manobra, contudo, trará como consequência uma diluição expressiva dos acionistas atuais.
A reestruturação também impactará diretamente a composição societária da empresa: a holding Abra — também controladora da Avianca — seguirá como a maior acionista indireta da Gol, conforme fato relevante divulgado nesta terça-feira.
Menor dívida, mais liquidez
No fim do primeiro trimestre de 2025, a dívida bruta da companhia era de R$ 33,2 bilhões.
Com o plano aprovado, a Gol projeta reduzir sua alavancagem para 5,4 vezes o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), contra os 5,8 vezes registrados em março.
A empresa ainda prevê encerrar o processo de reestruturação, estimado para o início de junho, com uma posição de liquidez robusta, em torno de US$ 900 milhões.
A meta da aérea é reduzir esse índice de alavancagem ainda mais até o final de 2027, chegando a 2,9 vezes o EBITDA — um pouco acima da estimativa de 2,7 vezes feita anteriormente, em janeiro deste ano.
Rumo à retomada pré-pandemia
Além do alívio financeiro, a Gol projeta uma recuperação operacional importante. A empresa afirma estar próxima de retomar sua capacidade doméstica pré-pandemia, apoiada na recuperação da frota de aeronaves Boeing 737.
Em 2024, mais de 50 motores foram reformados e a previsão é que toda a frota esteja completamente recuperada até o primeiro trimestre de 2026. Para isso, cinco novas aeronaves Boeing 737 MAX estão previstas para entrega ainda em 2025.
A companhia destaca o bom momento operacional, com desempenho acima do esperado.
No primeiro trimestre de 2025, o EBITDA recorrente cresceu 17,4% em relação ao ano anterior, enquanto a receita líquida aumentou 19,4% na mesma comparação — indicadores que superaram as metas estipuladas no plano estratégico de cinco anos (5YP).