
- Helbor perdeu 15,57% após dúvida sobre patrimônio de R$ 1,8 bilhão viralizar.
- Companhia diz seguir normas contábeis e ter auditoria independente.
- Investidores aguardam esclarecimentos; CVM e Abimec devem agir.
As ações da incorporadora Helbor (HBOR3) desabaram mais de 15% na tarde desta terça-feira, 8, após a divulgação de questionamentos públicos sobre a consistência de suas demonstrações contábeis. Às 13h58, os papéis acumulavam uma queda de 15,57%, refletindo a preocupação dos investidores com a confiabilidade das informações financeiras da companhia.
O foco da polêmica é uma suposta diferença de R$ 1,8 bilhão no patrimônio da empresa, apontada por uma manifestação nas redes sociais, que rapidamente viralizou entre perfis ligados ao mercado financeiro. Diante da repercussão negativa, a Helbor se pronunciou, buscando acalmar os ânimos do mercado e dos acionistas.
Empresa se defende e diz seguir normas contábeis rigorosas
Em comunicado oficial, a Helbor afirmou ter “absoluta confiança na correção e fidedignidade das suas informações financeiras”. A companhia ressaltou que seus demonstrativos são “rigorosamente preparados de acordo com as melhores práticas contábeis, tanto sob o padrão brasileiro (BRGAAP) quanto internacional (IFRS)”, além de serem auditados por empresa independente, registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Apesar da resposta direta, o mercado continuou pressionando os papéis. Isso porque o questionamento partiu de integrantes da Abimec (Associação Brasileira de Investidores no Mercado de Capitais), entidade com credibilidade entre analistas e investidores. A entidade pediu esclarecimentos formais à empresa sobre a suposta diferença patrimonial.
Embora a Helbor tenha reforçado sua transparência e a adoção de boas práticas, o episódio expôs uma fragilidade de percepção entre a base de acionistas. Muitos investidores, inclusive minoritários, passaram a questionar a governança da incorporadora diante da volatilidade causada por uma única postagem.
Reação no mercado expõe sensibilidade de empresas do setor
O setor imobiliário já vinha sendo pressionado por fatores macroeconômicos, como juros elevados e inflação persistente. Nesse contexto, qualquer ruído contábil acaba tendo um peso ainda maior. Empresas com margens apertadas e operações alavancadas sofrem impacto direto da perda de confiança.
Analistas afirmam que, mesmo sem confirmação de erro, a reação do mercado é compreensível. O investidor tende a se proteger quando há incerteza, ainda mais se envolver transparência financeira. Embora a Helbor não tenha sido acusada formalmente de fraude, a simples dúvida lançada sobre seu patrimônio bastou para provocar um movimento de venda em massa.
Vale lembrar que, no passado, casos semelhantes em outras companhias acabaram em auditorias internas, reavaliações contábeis e processos regulatórios. Por isso, a resposta que a Helbor der nos próximos dias será crucial para restaurar a confiança do mercado.
Próximos passos devem envolver a CVM e os auditores
A expectativa agora é que a empresa publique explicações mais detalhadas sobre os pontos levantados. A CVM também pode solicitar esclarecimentos, especialmente se o movimento das ações continuar chamando atenção.
A Abimec, por sua vez, deve manter a cobrança por maior transparência. Para os investidores, a recomendação neste momento é de cautela. Enquanto não houver posicionamento técnico claro sobre a suposta diferença patrimonial, a volatilidade pode continuar alta nos papéis.
Embora a Helbor esteja firme em sua defesa, o episódio mostra o quanto a confiança é um ativo valioso, e frágil, no mercado financeiro. Mesmo em tempos de compliance e auditorias, o estrago de uma dúvida pública pode ser profundo e imediato.