
Durante seu Investor Day em Nova York, a JBS (JBSS3) apresentou um “exercício financeiro” ambicioso que chamou atenção de analistas e investidores: a gigante global de alimentos vê potencial de valorização de até 300% no valor de suas ações nos próximos cinco anos.
A projeção tem dois pilares principais: a expansão do múltiplo de mercado, com a futura listagem na Bolsa de Nova York (NYSE), e o crescimento do EBITDA (lucro antes juros, impostos e amortização), impulsionado tanto por operações orgânicas quanto por aquisições (M&As).
Hoje, a JBS vale cerca de US$ 14,8 bilhões na Bolsa e negocia a 4,8x EV/EBITDA, bem abaixo da média dos pares globais — como Tyson Foods, Pilgrim’s Pride, Smithfield, Conagra e Nomad Foods — que operam em torno de 8,4x.
Valor pode dobrar só com reprecificação
Segundo as contas da própria companhia, se o múltiplo convergir para o nível dos concorrentes, isso sozinho adicionaria entre US$ 22 bilhões e US$ 25 bilhões ao market cap da JBS — um upside de até 150% apenas com a mudança de percepção do mercado.
“Esse é um cenário direcional, mas reflete uma oportunidade tangível de destravar valor por meio de execução disciplinada, alocação eficiente de capital e maior reconhecimento de mercado”, afirmou Gilberto Tomazoni, CEO global da companhia, durante o evento.
JBS cresce com disciplina
Além da reprecificação, a empresa estima que o crescimento do EBITDA nos próximos cinco anos, com base em crescimento orgânico e fusões e aquisições estratégicas, pode gerar um ganho adicional de US$ 21 bilhões a US$ 24 bilhões em valor de mercado.
Somando os dois fatores, a JBS projeta que poderá chegar a US$ 60 bilhões de market cap até 2030, com um enterprise value (EV) entre US$ 75 bilhões e US$ 80 bilhões — o que representaria uma valorização entre 270% e 300%.
Premissas: disciplina e rentabilidade
Para chegar a esses números, a JBS considerou:
- Capex anual entre US$ 1 bilhão e US$ 1,2 bilhão;
- ROIC entre 17% e 20%;
- Payback médio entre 5 e 6 anos;
- Dividendos anuais entre US$ 800 milhões e US$ 1,2 bilhão, em linha com os últimos anos;
- Alavancagem mantida dentro da política atual.
A companhia espera um crescimento composto anual de 4% a 6% na receita líquida e 6% a 7% no EBITDA.
Com foco maior em comidas prontas e categorias de maior margem, a margem EBITDA também deve subir para 8% a 11%, contra níveis mais modestos do passado.
Apetite por aquisições na JBS
Outro vetor importante da estratégia é o investimento contínuo em aquisições. A JBS projeta desembolsar entre US$ 1 bilhão e US$ 1,2 bilhão por ano em M&As, com retornos esperados na faixa de 17% a 20%, o que reforça a visão da companhia de ser não apenas uma consolidadora global no setor de proteínas, mas também uma plataforma de crescimento em alimentos de maior valor agregado.