
- CVM exige refazer balanços de 2022 a 2024 e formulários trimestrais até 2025.
- Marisa promete recorrer e defende que perdas eram apenas “possíveis”.
- Ações caem mais de 2% com risco adicional sobre governança e finanças.
A Lojas Marisa (AMAR3) entrou novamente no radar da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A autarquia notificou a varejista para refazer e republicar suas demonstrações financeiras anuais de 2022, 2023 e 2024, além dos formulários trimestrais de 2023, 2024 e 2025.
O mercado reagiu de imediato. Às 15h08 desta sexta-feira (3), os papéis da companhia caíam 2,48%, cotados a R$ 1,18. A decisão pressiona ainda mais a imagem da empresa, que enfrenta dificuldades no setor e agora vê sua governança questionada.
CVM endurece posição
A determinação partiu da Superintendência de Relações com Empresas da CVM, que apontou falhas na forma como a Marisa tratou provisões ligadas a disputas tributárias da subsidiária M Serviços. Segundo o órgão regulador, os balanços não refletem adequadamente os riscos para os acionistas.
A exigência da republicação mira justamente na transparência. Para a CVM, a companhia não poderia ter deixado de registrar provisões, já que os valores em disputa podem impactar o caixa e, consequentemente, o endividamento.
Esse movimento adiciona pressão extra sobre a varejista, que já vinha sofrendo com vendas fracas e necessidade de ajustes operacionais. A nova frente de risco coloca a empresa em situação mais delicada junto ao mercado financeiro.
Resposta da Marisa
A empresa, em nota oficial, defendeu que não descumpriu regras contábeis. De acordo com a Marisa, os processos tributários em questão tinham classificação de perda “possível”, não exigindo provisão contábil imediata.
A companhia destacou ainda que obteve decisões administrativas favoráveis e, por isso, optou por não provisionar os valores em disputa. Essa interpretação, no entanto, não convenceu a autarquia, que determinou a revisão.
Agora, a varejista analisa a possibilidade de recorrer. A estratégia pode incluir um pedido de efeito suspensivo, para adiar a execução da ordem e reduzir os danos de curto prazo.
Reação do mercado
O impacto na bolsa foi imediato. A queda das ações reflete a desconfiança dos investidores, que passaram a precificar risco adicional diante da incerteza sobre os números da empresa.
Analistas afirmam que a republicação dos balanços pode gerar custos adicionais e atrasar eventuais planos de recuperação financeira. Além disso, o episódio reforça preocupações sobre governança, fator crítico para atrair capital no setor de varejo.
Por fim, diante desse cenário, parte do mercado já recomenda cautela redobrada com o papel. Para investidores, o risco de novas pressões contábeis e jurídicas aumenta a volatilidade e compromete perspectivas de médio prazo.