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Ações da Minerva (BEEF3) recuam após BTG cortar preço-alvo — entenda o que aconteceu

Banco ainda vê exportações impulsionando curto prazo da companhia, mas alerta para alavancagem e cenário desafiador

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Ações da Minerva (BEEF3) recuam após BTG cortar preço-alvo — entenda o que aconteceu

As ações da Minerva (BEEF3) registram queda nesta terça-feira (24), após o BTG Pactual revisar sua projeção para a companhia, reduzindo o preço-alvo de R$ 10,00 para R$ 8,00. Por volta das 11:45, os papéis BEEF3 caíam 1,45% a R$ 4,76.

Apesar do corte, o banco manteve sua visão ‘neutra’ sobre a ação e o novo preço-alvo ainda embute um potencial de valorização de 66,32% em relação à cotação atual — sinal de que a empresa ainda pode entregar valor, embora sob um contexto de riscos importantes no médio prazo.

Essa decisão vem na esteira da conclusão da injeção de capital de R$ 2 bilhões na companhia, dos quais parte já foi usada para recomprar dívidas com desconto, medida que, segundo o banco, gera valor direto para os acionistas.

Além disso, os bônus de subscrição vinculados à operação podem trazer mais R$ 1 bilhão em recursos ao longo dos próximos três anos, reforçando o caixa da empresa.

Exportações devem sustentar resultados no curto prazo

Os analistas Thiago Duarte e Guilherme Guttila, que assinam o relatório, destacam que o curto prazo parece mais construtivo para a Minerva, principalmente por conta do bom ritmo das exportações e da monetização dos estoques.

Com isso, o segundo trimestre deve vir forte, puxado especialmente pelas vendas externas de carne bovina.

“Em um mercado que busca histórias de crescimento de lucro, há espaço para uma visão tática positiva”, destacam os analistas.

Contudo, o otimismo pontual vem acompanhado de cautela estrutural.

Riscos de longo prazo ainda pesam na Minerva

Apesar do impulso no curto prazo, o BTG aponta que o nível elevado de alavancagem financeira, combinado a um ambiente de juros altos e baixo rendimento de dividendos (yield), reduz a atratividade do papel em uma visão de 12 meses.

Além disso, o ciclo pecuário brasileiro começa a se inverter, o que tende a pressionar margens nos próximos trimestres.

Outro ponto de atenção está na valorização limitada da ação. Hoje, o papel negocia a 5,1 vezes o EV/Ebitda, número próximo à média histórica de 10 anos da Minerva, de 5,3x — o que deixa pouco espaço para uma reavaliação baseada somente em múltiplos.

1T25 fraco, mas com explicações

O banco também revisitou os resultados do primeiro trimestre de 2025, que foram considerados decepcionantes: receita e Ebitda vieram abaixo das expectativas.

Segundo o BTG, o desempenho fraco se explica em parte por um movimento estratégico da empresa de acumular estoques, aproveitando a cota de importação dos EUA sem tarifas.

“O volume de abate no Brasil cresceu 32% frente ao 4T24, mas as vendas subiram apenas 3%. Acreditamos que a Minerva antecipou exportações e formou estoques para vendas futuras”, analisa o banco.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.