Ações

Ações da WEG (WEGE3) recuam com tarifas de Trump; mas qual o real impacto na companhia? BTG responde!

Banco vê exagero na reação e estima efeito inferior a 1% no valor de mercado da empresa

Apoio

WEG Divulgação
WEG Divulgação

O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a intenção de impor uma tarifa de 50% sobre todo o cobre importado pelos EUA, está causando declínio nas ações da WEG (WEGE3). A reação reflete o temor de aumento nos custos operacionais da companhia.

Mas, segundo análise do BTG Pactual, a reação do mercado foi desproporcional. Para os analistas do banco, embora o cobre represente de 10% a 15% do custo dos materiais da WEG, o impacto potencial no valor da companhia é relativamente pequeno.

“Estimamos que o impacto final no custo represente menos de 1% do valor de mercado da empresa, em contraste com a queda de 4% das ações ontem”, afirma o BTG.

Por volta das 11:00 desta quarta-feira (9), as ações WEGE3 recuavam 1,13%, cotadas a R$ 40,15.

Mais uma tarifa de Trump

O ex-presidente americano segue usando tarifas como ferramenta de negociação comercial. A nova taxa sobre o cobre seria a quarta tarifa ampla de sua gestão.

O metal, essencial para eletrônicos, motores, maquinário e veículos, teve seus preços futuros negociados em Nova York (COMEX) subindo até 15%, alcançando o recorde de US$ 5,66 por libra. No acumulado do ano, a alta já é de 38%.

Os EUA importaram cerca de US$ 17 bilhões em cobre em 2024, com o Chile sendo o principal fornecedor (US$ 6 bilhões).

A imposição da tarifa, embora sem data definida para implementação, já criou uma distorção de preços entre os contratos da COMEX e da LME (Europa), com prêmios de até 25% nos EUA — um fenômeno considerado atípico.

“Essa distorção reflete a preocupação crescente do mercado com a possível tarifa — um tema que vem se formando desde o início do ano”, analisa o BTG.

WEG: exposição alta, mas proteção ativa

A WEG, gigante brasileira de motores e soluções industriais, tem grande exposição ao mercado norte-americano, especialmente no segmento de motores e transformadores — que usam intensivamente fios e cabos de cobre.

No entanto, a empresa não possui produção totalmente integrada na América do Norte, dependendo de fornecedores externos para componentes prontos.

Por isso, a volatilidade do cobre impacta diretamente seus custos, embora a companhia mantenha uma política de hedge ativa para suavizar essas oscilações no curto prazo.

“Embora os preços estejam mais altos agora, a proteção inicial proporcionada pelo hedge ajuda a mitigar o impacto. Caso os preços permaneçam elevados, a empresa poderá repassar parte desses custos aos clientes”, destaca o BTG.

No total, materiais representam cerca de 70% do custo dos produtos vendidos pela WEG, sendo o aço (20% a 25%) o principal insumo, seguido por cobre (10% a 15%) e alumínio (~10%).

Risco maior: desaceleração nos EUA

Para além do custo, o BTG chama atenção para um ponto estratégico: o mercado norte-americano já apresentava sinais de desaceleração, e o aumento de preços pode diminuir o apetite por crescimento no curto prazo.

“Esse episódio reforça o quanto a WEG se tornou exposta ao mercado norte-americano, evidenciando a maior sensibilidade de sua tese de investimento a fatores macroeconômicos e decisões de política comercial na região”, conclui o banco.

Apesar da turbulência momentânea, o impacto estimado é pontual e limitado, segundo os analistas. O que permanece como sinal de alerta é o aumento da dependência da empresa em relação ao ambiente político e econômico dos EUA, especialmente em um cenário de crescente protecionismo.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.