
- Ações da Zamp despencam mais de 9% após proposta de fechamento de capital com preço abaixo do mercado
- Fundo Mubadala quer consolidar controle e acelerar estratégia de “casa de marcas” com Starbucks, Subway, Burger King e Popeyes
- Goldman Sachs mantém recomendação de venda e aponta riscos que podem mudar a visão do mercado
As ações da Zamp (ZAMP3), operadora brasileira das marcas Burger King, Popeyes, Starbucks e Subway, registraram queda expressiva nesta segunda-feira (26), revertendo o forte rali de 17% na sexta-feira anterior.
A desvalorização acontece após a empresa confirmar no domingo (25) que seu controlador, o fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos Mubadala, está avaliando uma oferta para fechar o capital da companhia com valores entre R$ 3,30 e R$ 3,50 por ação. Assim, o que representa um desconto de até 8% em relação ao último fechamento. Às 11h30, os papéis da Zamp caíam 9,47%, cotados a R$ 3,25.
A possível oferta surpreendeu o mercado por propor um preço abaixo do valor que a ação havia atingido após rumores iniciais sobre a transação. O movimento indica que o Mubadala busca consolidar o controle da operação brasileira das marcas e potencialmente retirar a empresa da B3. Contudo, mesmo em meio à reação negativa de parte dos investidores minoritários.
Estratégia de negócios
Desde que assumiu o controle da Zamp em fevereiro de 2024, o Mubadala vem implementando uma nova estratégia de negócios voltada para transformar a empresa em uma “casa de marcas”. A holding passou a concentrar sob seu guarda-chuva as operações de Burger King, Popeyes, Starbucks e Subway.
Dessa forma, mirando sinergias operacionais e ganhos de escala. A ideia é consolidar a liderança no setor de fast food e bebidas no Brasil, ampliando capilaridade e diversificação de público-alvo.
Apesar da ambição do plano estratégico, o mercado permanece cético quanto à rentabilidade do novo modelo. O Goldman Sachs mantém recomendação de venda para os papéis da Zamp, com preço-alvo de R$ 2,85 para os próximos 12 meses.
Fluxo de caixa
A avaliação parte de uma análise mista: fluxo de caixa descontado, com taxa de desconto (WACC) de 17,4% e crescimento terminal de 5,5%. E, além disso, dos múltiplos EV/EBITDA projetados em 3,3 vezes.
Para o banco, a Zamp ainda enfrenta desafios estruturais, incluindo margens pressionadas, alto custo de expansão e dependência de um ambiente macroeconômico mais favorável para acelerar crescimento. No entanto, reconhece que há riscos que podem surpreender positivamente a tese negativa.
Entre eles, estão mudanças adicionais na estrutura acionária, aceleração da expansão de Starbucks e Subway acima das expectativas e ganhos de eficiência na política de preços e execução comercial.
O anúncio de fechamento de capital também reacendeu discussões sobre o papel de acionistas minoritários e sobre o valor real das companhias em processos de “going private” (quando empresas listadas optam por sair da bolsa). A proposta do Mubadala deve, portanto, passar por análise e deliberação formal do conselho e de acionistas da Zamp. Além de possível escrutínio da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Enquanto isso, o investidor aguarda com cautela os próximos desdobramentos. A desvalorização expressiva desta segunda-feira mostra que, mesmo com o apoio do controlador, a tentativa de fechar capital a preços considerados baixos pode encontrar resistência e volatilidade no mercado.