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Ações do Bradesco (BBDC4) e BB (BBAS3) recuam com alta do IOF — veja como medida impacta bancões e seguradoras

Analistas do Goldman Sachs avaliaram que os efeitos podem ser significativos, especialmente para instituições com forte atuação em previdência privada

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Bradesco7
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As recentes mudanças na cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) anunciadas pelo governo federal acenderam o sinal de alerta no mercado financeiro, com bancos e seguradoras calculando os possíveis impactos sobre suas receitas.

Em relatório, analistas do Goldman Sachs avaliaram que os efeitos podem ser significativos, especialmente para instituições com forte atuação em previdência privada e crédito para empresas — como o Bradesco (BBDC4).

Por volta das 10:30, as ações BBDC4 caíam 2,27%, cotadas a R$ 15,10. Enquanto as do Banco do Brasil (BBAS3) recuavam 1,12% a R$ 24,27. Já a BB Seguridade (BBSE3) operava em queda de 0,74%, cotada a R$ 37,48.

Como a alta do IOF afeta ações do Bradesco e mais bancões?

Na avaliação do Goldman Sachs, a introdução de um IOF de 5% sobre aportes mensais superiores a R$ 50 mil nos planos VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) poderá atingir em cheio o público de alta renda — justamente o segmento em que Bradesco e BB Seguridade concentram boa parte de sua base previdenciária.

“O Bradesco detém cerca de 21% de participação nesse mercado, ficando atrás apenas da BB Seguridade, com 30%”, destacaram os analistas. “Essa mudança representa um risco mais pronunciado para companhias com forte exposição à previdência privada.”

Segundo o Goldman, os planos VGBL são o coração da previdência privada no Brasil, e a nova tributação pode restringir o volume de novas entradas, afetando diretamente o crescimento dessas carteiras.

Assim, o impacto exato ainda é difícil de mensurar, uma vez que não há dados públicos sobre quantos investidores ultrapassam regularmente o limite de R$ 50 mil mensais.

Crédito corporativo mais caro, mas impacto limitado para grandes bancos

Outro ponto levantado pelo relatório foi o aumento do teto do IOF sobre crédito para empresas, que salta de 1,88% para 3,95%, além da inclusão do IOF sobre o desconto de recebíveis (também conhecido como “risco sacado”).

A medida pode encarecer o custo do capital para empresas — especialmente as pequenas e médias — e pressionar os serviços financeiros voltados a antecipação de pagamentos.

Apesar disso, o Goldman Sachs avalia que o impacto direto sobre os grandes bancos será limitado. “Embora a maior parte da receita venha da subscrição de crédito, o portfólio corporativo representa apenas uma fração da carteira total”, pontuam.

No caso dos bancos, o desconto de recebíveis representa até 11% do volume de empréstimos — o que reduz o alcance da medida.

Já para empresas de pagamentos e fintechs, o cenário pode ser mais desafiador. Com grande parte da carteira concentrada em recebíveis, essas instituições terão menor margem para repassar o novo custo aos clientes, o que pode pressionar suas margens de lucro.

Governo recua parcialmente no IOF após repercussão negativa

As medidas foram anunciadas na última quinta-feira (22) pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como parte de um pacote fiscal que busca aumentar a arrecadação.

No entanto, após forte reação do mercado, o governo voltou atrás em algumas decisões ainda na noite do mesmo dia — especialmente aquelas relacionadas a remessas de recursos e aplicações no exterior.

As demais medidas, como o IOF sobre VGBL e crédito corporativo, seguem mantidas e entram em vigor nesta sexta-feira (24).

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.