
- Embraer dispara na Bolsa, acumulando 63% de valorização em 12 meses.
- Latam reforça sua malha regional, aproveitando o cenário competitivo favorável.
- Backlog da Embraer pode chegar a US$ 31 bilhões, novo recorde histórico.
Depois de meses de especulação, a Embraer (EMBR3) e a Latam Airlines anunciaram um acordo histórico que movimenta o setor de aviação. A companhia aérea fez um pedido firme de 24 aeronaves E195-E2, avaliado em cerca de US$ 2,1 bilhões a preço de tabela, e ainda assegurou direitos de compra para outras 50 unidades.
Com entregas previstas a partir do segundo semestre de 2026, o negócio fortalece tanto a Embraer quanto a Latam em um momento estratégico de retomada do mercado aéreo. Além disso, o contrato já trouxe reflexos imediatos no mercado financeiro, impulsionando as ações das duas empresas.
O impacto na Embraer
A ação da Embraer subiu 4,6%, cotada a R$ 80,30, acumulando alta de 63% em 12 meses. O acordo dá novo fôlego ao backlog da família E2, que saltou de 179 pedidos no fim de 2024 para 249 em setembro de 2025.
Analistas apontam que a operação é um endosso relevante à eficiência e à flexibilidade do E195-E2, modelo que tem se destacado frente à concorrência. Além disso, segundo o BTG, a aeronave combina custos operacionais menores, economia de combustível e prazos de entrega mais curtos do que rivais globais.
Desse modo, com a encomenda da Latam, o backlog total da Embraer pode atingir um novo recorde de US$ 31 bilhões no terceiro trimestre, sustentando a performance da ação em meio à recuperação da aviação comercial.
O movimento da Latam
Na outra ponta, a Latam registrou alta de 1% nas ações, negociadas a US$ 47,62, acumulando valorização superior a 80% em 12 meses. A compra ocorre após a empresa concluir o processo de recuperação judicial (Chapter 11) e sinaliza sua aposta em ampliar a malha de voos regionais no Brasil.
Com Azul e Gol reduzindo operações, a Latam aproveita a janela para capturar demanda interna, especialmente em rotas secundárias. O E195-E2 deve substituir aeronaves menos eficientes, como o Airbus A319, garantindo maior conectividade a custos mais baixos.
Portanto, esse movimento reforça o momento operacional da Latam e evidencia uma estratégia agressiva de expansão no mercado doméstico brasileiro.
O desafio da diversificação
Apesar dos pontos positivos, analistas alertam para possíveis riscos. O JP Morgan destacou que a frota da Latam, já composta por Airbus e Boeing, ficará ainda mais diversa com os jatos da Embraer. Essa complexidade pode elevar custos de manutenção e gestão operacional.
Ainda assim, especialistas avaliam que os benefícios superam os desafios no curto prazo. Ademais, a capacidade de expandir a oferta de voos em mercados carentes pode gerar ganhos expressivos de receita.
Por fim, o acordo é visto como “ganha-ganha” para as duas companhias e para o mercado, já que valida a retomada da aviação e dá sustentação ao crescimento da indústria.