Em disparada

Adeus prejuízo: Natura se livra da Avon e ganha R$ 2 bilhões em valor de mercado

Venda de unidade internacional elimina drenagem de caixa e simplifica tese de investimento da empresa.

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natura inaugura loja com conceito 1 1
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  • Natura vendeu Avon International por valor simbólico de £ 1, mas livrou-se de um ativo deficitário
  • Operação alivia pressão de caixa e reacende expectativa de pagamento de dividendos
  • Ações dispararam 16,6% e empresa ganhou R$ 2 bilhões em valor de mercado

A Natura (NATU3) surpreendeu o mercado nesta quinta-feira (18) ao anunciar a venda da Avon International para a gestora Regent por apenas uma libra esterlina. O negócio eliminou um ativo que vinha drenando caixa de forma recorrente e abriu espaço para a empresa recuperar sua capacidade de geração de valor.

A reação foi imediata: as ações dispararam 16,6% no pregão, elevando em cerca de R$ 2 bilhões o valor de mercado da companhia, que passou a valer R$ 14,19 bilhões na B3.

Venda simbólica, impacto real

Embora simbólica, a venda inclui 34 mercados da Avon International, com exceção da Rússia. O contrato prevê ainda um earnout de até £ 60 milhões caso metas operacionais sejam atingidas.

Além disso, a Natura cancelou créditos que possuía contra a Avon e ofereceu uma linha de crédito de US$ 25 milhões, com vencimento em cinco anos após o primeiro saque. A empresa manteve o controle da Avon Latam, que poderá usar a marca sem pagar royalties.

Para analistas, o movimento foi estratégico: retirou da estrutura um ativo que consumia entre R$ 700 milhões e R$ 800 milhões por semestre, reduzindo riscos e simplificando a tese de investimento.

Alívio para o caixa e menos risco

Segundo cálculos de bancos como Santander e Bradesco BBI, a saída da Avon International deve aliviar a pressão por novos aportes e permitir que a Natura concentre recursos no negócio principal.

Além disso, atualmente, a Natura Cosméticos gera cerca de R$ 1,5 bilhão em caixa por semestre, enquanto a operação internacional queimava quase metade desse valor. Com a venda, o saldo líquido tende a se tornar positivo já em 2026.

Portanto, essa reestruturação também aumenta a possibilidade de a companhia retomar dividendos, tema que vinha sendo cobrado pelos investidores.

Reação do mercado

O anúncio foi bem recebido por casas de análise. Ruben Couto, do Santander, destacou que a transação reduz preocupações sobre injeções adicionais de caixa.

Pedro Pinto, do Bradesco BBI, escreveu que a Natura deixa de ser uma “aposta arriscada” para se tornar uma tese baseada em fundamentos.

Ademais, na avaliação dos analistas, a empresa passa a operar de forma mais previsível e menos dependente de eventos extraordinários.

Por fim, o papel, que agora negocia a 8,4 vezes o lucro estimado para o próximo ano, ganhou força e voltou ao radar de fundos institucionais.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.