Postura cautelosa

JPMorgan liga sinal amarelo no agro e rebaixa São Martinho (SMTO3); SLC (SLCE3) fica neutra

Banco vê excesso de oferta em 2026, pressão no açúcar e etanol e pouco espaço para recuperação das commodities.

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  • Agro em cautela: Adecoagro segue como caso mais frágil, com recomendação de venda.
  • JPMorgan rebaixa São Martinho (SMTO3) e mantém SLC (SLCE3) neutra.
  • Excesso de oferta e preços fracos devem marcar 2026 no agro.

O JPMorgan adotou postura mais cautelosa no setor de agronegócio, rebaixando a São Martinho (SMTO3) para neutra e mantendo visão igualmente neutra para a SLC Agrícola (SLCE3). A avaliação reflete um cenário sem catalisadores claros para alta das commodities em 2026, com oferta global elevada e ausência de eventos climáticos que possam apertar o balanço.

A leitura do banco derrubou as ações de São Martinho, que caíam quase 4% no início desta segunda-feira (1). Já SLC avançava levemente, sustentada por perspectivas mais estáveis para a soja.

Agro em cenário pressionado para 2026

Para o JPMorgan, os mercados de açúcar e etanol devem enfrentar um ano difícil. A entrada acelerada de oferta de etanol de milho pressiona preços muito abaixo da paridade histórica com a gasolina.

Ao mesmo tempo, todas as companhias do setor atravessam ciclos pesados de investimentos (capex), o que deve provocar queima de caixa, alta da alavancagem e maior risco de balanço.

O banco também destaca que a oferta global segue excessiva em praticamente todas as frentes, o que limita espaço para revisões positivas no curto prazo.

Agro sem tanta atração: SLC tem leve vantagem, mas sem gatilhos de alta

Mesmo com preferência relativa pela SLC Agrícola (SLCE3), o JPMorgan não vê ponto de entrada atrativo.

A diversificação entre soja, milho e algodão traz resiliência, mas os preços projetados para 2026, como US$ 8,8/bushel para soja, seguem abaixo das estimativas anteriores.

Agro segue pressionado, pois o JPMorgan vê preços menores e valuation justo para a SLC, mantendo recomendação neutra e cortando o preço-alvo para R$ 19.
Agro segue pressionado, pois o JPMorgan vê preços menores e valuation justo para a SLC, mantendo recomendação neutra e cortando o preço-alvo para R$ 19.

Segundo analistas, a empresa negocia a um FCF yield próximo de 17% e múltiplo de 5,8x EV/EBITDA, nível considerado justo. O banco manteve recomendação neutra e reduziu o preço-alvo de R$ 22 para R$ 19.

São Martinho sente mais pressão

Para a São Martinho (SMTO3), o ambiente é mais desafiador. A forte expansão do etanol de milho e a fraqueza do açúcar criam ventos contrários relevantes.

Embora a empresa mantenha eficiência operacional e bons projetos de expansão, seus resultados seguem fortemente atrelados às commodities, justamente o ponto mais frágil do cenário.

O JPMorgan vê geração de caixa limitada até a entrega dos novos projetos, em um contexto de juros elevados, real mais forte e preços deprimidos. O banco manteve recomendação neutra e preço-alvo de R$ 17.

Adecoagro tem visão mais negativa

O caso da Adecoagro é considerado ainda mais complexo.

A empresa enfrenta baixa liquidez das ações, falta de tração das commodities e maior incerteza após a troca de controlador, que introduziu novos projetos em fertilizantes e até mineração de bitcoin.

Com alavancagem em alta e pouca clareza sobre alocação de capital, o JPMorgan manteve recomendação underweight (venda) e reduziu o preço-alvo para US$ 7, ante US$ 12.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.