
- Aumento do IOF sobre remessas encarece investimentos no exterior e desestimula conexões globais.
- Brasil perde protagonismo internacional ao adotar políticas tributárias imprevisíveis.
- Crescimento das remessas para fora é reflexo da insegurança econômica e busca por proteção patrimonial.
O aumento do IOF sobre remessas internacionais surpreendeu o mercado e caiu como um balde de água fria nos investidores brasileiros. Na prática, a decisão encarece o envio de dinheiro ao exterior e representa mais uma barreira para quem busca diversificação patrimonial em moedas fortes ou ativos internacionais.
O problema, porém, vai além do custo adicional. A medida reflete um cenário de incerteza crescente, onde o investidor não sabe o que esperar das próximas decisões do governo. Em vez de aproximar o país do mundo, a política tributária atual empurra o Brasil para uma posição cada vez mais isolada e vulnerável no cenário econômico global.
Medida desestimula e afasta o investidor
Na prática, tributar ainda mais as remessas significa punir quem busca proteção ou retorno fora do Brasil. Esse tipo de imposto deveria ser regulatório, mas tem sido usado unicamente para arrecadar, gerando desconfiança no ambiente de negócios. O resultado é o oposto do desejado: menos capital entrando e mais dinheiro saindo.
O histórico mostra que, sempre que o governo interfere nesse tipo de operação sem aviso ou diálogo, o impacto é claro: empobrecimento da população, fuga de capitais e perda de credibilidade das instituições. Para o investidor comum, o recado é direto: seu dinheiro está mais seguro longe do país.
Na Ebner, por exemplo, já se nota um aumento expressivo no volume de remessas após o anúncio da medida. A movimentação acontece de forma desordenada, o que acende um alerta. Remessas feitas às pressas, por medo ou incerteza, tendem a resultar em decisões ruins e pouco estratégicas.
Oportunidade perdida no pior momento
Esse aumento do IOF acontece em um dos momentos mais sensíveis da economia global. Com a Ásia perdendo espaço no comércio com os Estados Unidos e a América Latina sendo apontada como alternativa, o Brasil tinha tudo para se tornar protagonista. No entanto, o país segue na contramão.
Em vez de atrair investimentos, o governo cria obstáculos. Em vez de aproveitar o reposicionamento geopolítico, isola-se ainda mais. Estávamos diante de uma janela de oportunidade única para ganhar espaço no mercado americano, mas optamos por dificultar as conexões externas.
Hoje, o Brasil se destaca não por competitividade, mas por incerteza tributária. As remessas crescem, não porque o exterior está mais atrativo, mas porque o Brasil está menos confiável. Isso mina a confiança dos investidores e afasta possíveis parcerias comerciais.
Diversificar é mais do que opção: é necessidade
Mesmo com entraves, diversificar o patrimônio no exterior continua sendo essencial. Em países com nível de desenvolvimento semelhante ao nosso, a alocação internacional de recursos gira em torno de 30% a 45%. No Brasil, não passa de 2,5%, o que mostra o quanto ainda estamos atrasados.
Mais do que buscar lucros, investir fora tornou-se uma estratégia de proteção. O movimento ideal seria estruturado, gradual e bem assessorado. Mas, diante da instabilidade local, muitos optam por agir rapidamente, mesmo sem planejamento adequado.
A insegurança fiscal, combinada com decisões repentinas e falta de previsibilidade, cria um cenário hostil para o crescimento sustentável. Governos que valorizam o diálogo com o mercado colhem confiança e investimento. Já os que escolhem a surpresa e a tributação agressiva colhem fuga e desconfiança.