Bolsa fervendo

Alta explosiva: setor imobiliário dispara na B3 e deixa Ibovespa para trás

Índice IMOB já acumula ganhos de 46% em 2025 e supera de longe o desempenho do mercado, mas volatilidade e riscos de crédito pedem cautela.

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acoes setor imobiliario 2021
acoes setor imobiliario 2021
  • O setor imobiliário lidera a bolsa em 2025 com ganhos de 46% sobre o IMOB.
  • A expectativa de queda da Selic impulsiona construtoras e shoppings no mercado.
  • A volatilidade e o risco de crédito exigem cautela de quem aposta nesse rali.

O mercado imobiliário virou protagonista inesperado da bolsa neste ano. Enquanto muitos investidores ainda digeriam o pessimismo do fim de 2024, as ações do setor de construção e shoppings ergueram os maiores retornos de 2025.

O Índice Imobiliário (IMOB) já acumula alta de 45,8% até 14 de agosto, muito acima do Ibovespa, que avançou apenas 13,3% no mesmo período. O movimento, porém, traz junto um alerta: os papéis estão entre os mais voláteis da B3.

O rali do IMOB

Nenhum outro índice setorial conseguiu acompanhar a arrancada. O IMOB deixou para trás referências como o Índice Small Caps (SMLL), que subiu 19,5% no ano, e o Índice de Consumo (ICON), com alta de 15,2%.

Segundo analistas, a expectativa de cortes na taxa Selic, após meses de juros elevados, foi o gatilho para a disparada. A virada na política monetária elevou as projeções de valorização das empresas sensíveis à economia doméstica.

Apesar disso, o setor ainda navega em águas turbulentas. A Selic segue em 15% ao ano e a dependência do crédito pode transformar ganhos rápidos em perdas bruscas.

Comparações com a bolsa

O desempenho do IMOB contrasta com índices tradicionais. O IBrX 50, que reúne as 50 ações mais negociadas da bolsa, subiu apenas 12% no ano. A explicação está no peso reduzido do setor imobiliário nesse índice: apenas 0,75%.

Já o IFIX, que mede os fundos imobiliários, ficou na lanterna, com 9,7% de valorização. Para gestores, esse é um espaço onde ainda podem surgir oportunidades pontuais, mas que exige seletividade e gestão ativa.

O resultado é claro: quem apostou em construtoras e shoppings em 2025 já superou de longe o desempenho médio da bolsa.

Shoppings, baixa renda e luxo

Entre os destaques do IMOB estão os shoppings centers, que respondem por quase metade do índice. Multiplan e Iguatemi surpreenderam com vendas fortes e margens robustas no primeiro semestre.

No segmento de baixa renda, empresas como Direcional e Cury se beneficiaram do programa Minha Casa, Minha Vida, que respondeu por mais de 50% dos lançamentos do início do ano. Para analistas, esses papéis ainda guardam potencial de valorização.

Já a construção de médio e alto padrão enfrenta custos elevados, mas Cyrela se destaca pela execução consistente e velocidade de vendas. Nesse nicho, a aposta é que a queda dos juros pode destravar ainda mais valor.

O que esperar daqui para frente

Os analistas concordam em um ponto: a correlação entre o IMOB e os juros futuros seguirá determinante. Cada expectativa de corte da Selic pode dar fôlego às ações, mas o caminho será repleto de oscilações.

Fundos imobiliários, por outro lado, ainda caminham de forma mais lenta. Parte deles segue pressionada pela alta dos juros, mas especialistas lembram que exageros nos ciclos abrem espaço para boas compras.

O recado é direto: o setor construiu retornos sólidos em 2025, mas o investidor precisará ter estômago para suportar os solavancos do mercado.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.