
- XP projeta alta de 4,4% no lucro líquido da Ambev no 2T25
- Receita deve chegar a R$ 21,9 bilhões, com Ebitda de R$ 6,1 bilhões
- Corretora eleva preço-alvo para R$ 13,40, mas mantém recomendação neutra
A XP Investimentos elevou o preço-alvo das ações da Ambev (ABEV3) para R$ 13,40, com base nas projeções para o segundo trimestre de 2025. A corretora espera que os resultados venham melhores que o previsto, principalmente com melhora nas margens da cerveja no Brasil e recuperação gradual no mercado internacional.
Apesar disso, a recomendação para os papéis foi mantida como neutra. Segundo os analistas, os números ainda estão abaixo do consenso do mercado. A XP calcula um crescimento de 9,4% na receita líquida e alta de 6,3% no Ebitda ajustado em relação ao mesmo período do ano anterior.
Margens melhores e base fraca favorecem o trimestre
De acordo com o relatório, a Ambev deve apresentar receita líquida de R$ 21,9 bilhões no 2T25. A comparação favorável com o mesmo trimestre de 2024 ajuda, mas não é o único fator. A XP também acredita em uma leve melhora nas margens do segmento de cerveja no Brasil, o que contribui diretamente para o desempenho da companhia.
O lucro líquido deve atingir R$ 2,5 bilhões, o que representa um avanço anual de 4,4%. Já o Ebitda ajustado é estimado em R$ 6,1 bilhões, com expansão de 6,3% sobre o ano anterior. Mesmo assim, os analistas da XP alertam que a empresa ainda negocia a 14 vezes o lucro esperado para 2026, o que justifica a cautela na recomendação.
Para o restante do ano, a corretora elevou levemente suas projeções, embora mantenha um tom moderado. “Acreditamos em melhora das margens, mas os custos seguem pressionando o desempenho, especialmente no curto prazo”, afirmam Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak, autores do relatório.
Queda de volume no Brasil, mas preço sustenta receita
No mercado doméstico, a XP projeta uma queda de 1,5% no volume de cerveja vendido. O recuo ocorre devido à base de comparação elevada, clima desfavorável e aumento dos preços. No entanto, a receita líquida por hectolitro deve acelerar, compensando parte dessa retração.
Com isso, a receita total do segmento deve alcançar R$ 9,7 bilhões, alta de 4,2% frente ao segundo trimestre do ano passado. Apesar da melhora no faturamento, a margem Ebitda do segmento de cerveja deve cair 11 pontos-base, ficando em 30,1%, segundo a XP.
O segmento de bebidas não alcoólicas também enfrentará desafios. O clima e a comparação anual elevada devem limitar os volumes, e a pressão nos custos deve continuar. Ainda assim, os analistas reconhecem um esforço da Ambev para melhorar a gestão de despesas operacionais, o que pode suavizar os impactos.
Desempenho internacional segue misto
No exterior, a XP prevê um cenário dividido. Enquanto América Central e Caribe devem continuar pressionadas, e o Canadá deve mostrar leve recuperação, a América Latina do Sul caminha para uma melhora gradual. No entanto, as margens ainda devem enfrentar dificuldades em todos os mercados, exceto no Canadá.
Mesmo com esses obstáculos, os analistas enxergam pontos positivos. As operações internacionais continuam sendo uma peça importante na estratégia da Ambev e podem surpreender no segundo semestre, caso os custos se estabilizem e os volumes retomem o crescimento.
A corretora reforça que, apesar das pressões, a empresa segue sólida e bem posicionada no setor de bebidas, com boa capacidade de adaptação aos ciclos de consumo e ao ambiente macroeconômico.