Alerta investidor

Ambipar (AMBP3) desmorona: entenda como risco de rombo bilionário ameaça investidores

Tutela cautelar suspende dívidas por 60 dias e abre caminho para recuperação judicial que pode diluir acionistas e derrubar ainda mais as ações.

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Foto: Reprodução
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  • Ambipar conseguiu tutela cautelar que suspende cobranças de credores por até 60 dias
  • Especialistas apontam alta probabilidade de recuperação judicial, com impacto direto nos acionistas
  • Empresa enfrenta risco de rombo de até R$ 10 bilhões, o que pressiona liquidez e valor das ações

A Ambipar (AMBP3) surpreendeu o mercado nesta quinta-feira (25) ao conseguir uma tutela cautelar na 3.ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. A decisão protege a companhia de cobranças de credores por 30 dias, prorrogáveis por mais 30, mas acende o alerta para investidores.

Embora a medida não represente um pedido formal de recuperação judicial, advogados e especialistas avaliam que esse cenário é altamente provável. Isso gera incertezas sobre a preservação do valor das ações e os impactos diretos sobre os acionistas minoritários.

Caminho até a recuperação judicial

Segundo Eduardo Terashima, sócio do NHM Advogados, a tutela cautelar pode funcionar como etapa preparatória para renegociações extrajudiciais ou até mesmo para um pedido formal de recuperação judicial. O prazo concedido pela Justiça serve para que a empresa busque acordos com credores ou defina sua estratégia legal.

A Ambipar afirma que a decisão garante a continuidade das atividades e protege os ativos em meio ao aumento da pressão financeira. Assim, a companhia reforçou que seguirá dialogando com instituições credoras em busca de um acordo que beneficie todas as partes envolvidas.

Apesar do discurso de resiliência, especialistas enxergam a tutela como sinal de que o balanço da empresa enfrenta problemas estruturais. Para eles, a medida pode ser apenas o primeiro passo antes de um pedido formal de recuperação judicial.

Risco real para o acionista

Para investidores, o movimento da Ambipar é motivo de forte preocupação. Segundo Eduardo Silva, presidente do Instituto Empresa, acionistas minoritários sofrem diretamente em situações de crise. A volatilidade das ações já ficou evidente com a queda expressiva e a entrada em leilão especial na B3.

Ademais, entre os principais riscos estão a saída das ações de índices relevantes, o que reduz liquidez e afasta investidores institucionais. Outro ponto crítico é a possibilidade de diluição da participação, caso a empresa precise emitir novas ações para reforçar caixa e pagar dívidas.

Desse modo, em casos extremos, como falência, os acionistas ficam em última posição na ordem de recebimento. Isso significa que só recebem recursos depois de todos os credores, o que muitas vezes resulta em perda total do investimento.

Pressão crescente e dívidas bilionárias

A situação da companhia ficou mais evidente após a revelação de dívidas expressivas. A tutela cautelar já suspendeu o pagamento de uma dívida de US$ 119 milhões com o Santander, que venceria no mesmo dia da decisão. O banco, ao lado do Bradesco, está entre os maiores credores, com exposição de cerca de R$ 600 milhões e R$ 300 milhões, respectivamente.

Além disso, a empresa registrou saída de mais de R$ 200 milhões em caixa devido a aditivos de contratos com o Deutsche Bank. O movimento levou a Ambipar a estimar risco de um rombo de até R$ 10 bilhões, considerando cláusulas de vencimento antecipado.

Investidores que compraram ações em 2024, quando o papel acumulou alta de 730%, agora podem optar por realizar lucros. Portanto, esse movimento tende a aumentar a pressão vendedora e a contribuir para a queda da cotação de AMBP3.

Como o investidor deve agir

Especialistas recomendam cautela máxima aos investidores pessoas físicas. Para quem já tem posição relevante em AMBP3, reduzir a exposição pode ser uma estratégia defensiva, ainda que implique prejuízo imediato. A ideia é evitar perdas maiores no médio prazo.

Já quem decide manter parte da posição deve estar ciente do risco elevado e da instabilidade operacional. Ademais, essa escolha só se aplica a investidores com maior tolerância à volatilidade.

Por fim, de toda forma, a recomendação é de acompanhamento constante, já que novas notícias sobre a recuperação judicial e as negociações de dívidas podem provocar movimentos bruscos no preço da ação.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.