Declínio

Ambipar (AMBP3) despenca: de estrela da B3 a R$ 1 por ação e risco de recuperação judicial

Empresa perdeu mais de R$ 42 bilhões em valor de mercado e agora luta para evitar o colapso.

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Ambipar (ReproduçãoReset)
Ambipar (ReproduçãoReset)
  • Ambipar (AMBP3) caiu para R$ 1,40, perdendo mais de R$ 42 bilhões desde dezembro de 2024.
  • Companhia pode entrar em recuperação judicial, com dívidas que superam R$ 10 bilhões.
  • Agências cortaram o rating para nível de default, e analistas recomendam cautela máxima.

A Ambipar (AMBP3) vive um dos momentos mais críticos de sua história recente. Depois de ser a maior alta da B3 em 2024, a companhia de soluções ambientais agora enfrenta uma queda dramática, com suas ações negociadas a apenas R$ 1,40.

Na última sexta-feira (3), os papéis despencaram 49%, arrastando o valor de mercado para R$ 2,33 bilhões e acionando sucessivos leilões na Bolsa. Desde a máxima histórica de dezembro de 2024, a empresa já perdeu R$ 42,51 bilhões em valor de mercado.

Crise financeira e tutela cautelar

A situação se agravou após a Ambipar conseguir uma tutela cautelar na Justiça do Rio de Janeiro, que suspende cobranças de credores por 30 dias, prorrogáveis por mais 30. A medida abre espaço para um pedido formal de recuperação judicial, caso não haja acordo.

Em comunicado, a empresa justificou a decisão como indispensável para evitar um “colapso de um grupo estratégico para o país”, reforçando seu papel no cenário internacional da sustentabilidade.

No centro da crise está o Deutsche Bank, com o qual a Ambipar tem compromissos de US$ 550 milhões. A companhia alega que aditivos em contratos de empréstimos drenaram mais de R$ 200 milhões do caixa em curto prazo.

Dívidas bilionárias e rebaixamentos

A Ambipar calcula um risco de rombo superior a R$ 10 bilhões, devido a cláusulas que permitem vencimento antecipado em caso de inadimplência. Credores questionam ainda a real situação do caixa, divulgado em R$ 4,7 bilhões, mas com indícios de disponibilidade efetiva de apenas R$ 425 milhões.

Com a escalada da crise, as agências de rating reagiram de forma dura. A S&P Global rebaixou a nota da Ambipar para D, classificação que equivale a default. A Fitch reduziu de BB- para C, alertando que, caso o pedido de recuperação seja oficializado, o rating cairá para RD ou D.

Esses cortes reforçam a percepção de que a companhia atravessa o momento mais delicado desde sua abertura de capital. O mercado já vê a sobrevivência da empresa em risco.

Governança em xeque

Além da fragilidade financeira, a Ambipar enfrenta problemas de governança. O UBS BB suspendeu a cobertura da ação, destacando falhas graves na gestão de liquidez e transparência. O banco lembra que a companhia realizou mais de 70 aquisições nos últimos anos, aumentando a complexidade do balanço.

A crise ganhou contornos ainda mais dramáticos com a saída do CFO João Daniel Piran de Arruda, substituído pelo diretor de RI, Ricardo Rosanova Garcia. Além disso, Arruda, visto como peça de estabilidade, agora é citado pela própria companhia como responsável por “operações questionáveis” que teriam ampliado os riscos.

Diante da perda de confiança, investidores se mostram cada vez mais cautelosos. Desse modo, analistas apontam que, mesmo a preços baixos, o papel pode oferecer risco de perda total caso a recuperação judicial se confirme.

O que o investidor deve fazer agora?

Para especialistas, o recado é claro: cautela máxima. Gustavo Moreira, planejador financeiro, defende que quem não tem posição deve ficar de fora até que a situação se estabilize. Já para quem mantém participação relevante, pode ser mais seguro reduzir exposição.

Na mesma linha, Gabriel Jardim, da Trade Arena, alerta que a credibilidade da companhia foi seriamente comprometida. Ademais, mesmo que surjam ajustes ou explicações, a desconfiança já domina o mercado.

A queda acentuada pode sugerir oportunidade de compra, mas analistas reforçam que desvalorizações dessa magnitude muitas vezes não encontram recuperação. O risco, portanto, é de perda quase total do investimento.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.