
- B3 exclui Ambipar (AMBP3) de todos os índices após falhas graves de governança.
- Ações desabam mais de 90% e S&P rebaixa nota da empresa para “D”.
- Investidores relatam prejuízos totais em COEs, e recuperação judicial deve ser pedida em breve.
A B3 tomou uma decisão dura contra a Ambipar (AMBP3). A bolsa brasileira retirou as ações da companhia de todos os seus índices, depois de uma sucessão de problemas ligados à governança corporativa e à crise financeira da empresa.
Desse modo, a exclusão marca um novo capítulo na pior fase da história da Ambipar. Agora, os papéis deixam de integrar as carteiras de nove índices da B3, incluindo IBRA, IGCT, IGCX e ITAG, a partir do fechamento do próximo dia 15.
B3 reage a falhas de governança
Em comunicado, a B3 afirmou que a decisão se baseia em episódios recentes e relevantes envolvendo a administração da Ambipar. Sendo assim, o texto menciona o item 3.3 do Manual de Índices, que permite exclusões para garantir integridade, representatividade e continuidade dos indicadores.
Além disso, a bolsa suspendeu a certificação B3 Ações Verdes, selo voltado a empresas com boas práticas ambientais, sociais e de governança (ASG). Segundo a instituição, a medida evita que companhias sob investigação comprometam a credibilidade dos índices de sustentabilidade.
A bolsa ressaltou que o afastamento da Ambipar busca proteger investidores e preservar a confiança do mercado, especialmente em carteiras replicadas por fundos e ETFs.
Ações desabam mais de 90% no ano
Os papéis da Ambipar (AMBP3) acumulam queda de 93,23% em 2025. A derrocada é resultado da perda de liquidez e de confiança após sucessivos reveses financeiros.
Há duas semanas, a S&P Global Ratings rebaixou a nota de crédito global da empresa de “BB-” para “D”, indicando calote em obrigações financeiras. O corte veio depois que a Ambipar conseguiu uma liminar na Justiça para suspender cobranças de credores.
O rebaixamento agravou a pressão sobre investidores e instituições financeiras expostos à companhia. Muitos detinham Certificados de Operações Estruturadas (COEs) vinculados ao risco de crédito da empresa, o que ampliou o pânico no mercado.
Investidores relatam perdas totais
Nesta semana, diversos investidores relataram no Reclame Aqui a perda integral dos valores aplicados em COEs ligados à Ambipar. Esses títulos, que pagam rendimentos acima da média, zeraram o investimento após o evento de crédito.
Os COEs funcionam como apostas de risco: quando a empresa paga o que deve, o investidor ganha mais. Mas, se há atraso ou calote, a perda pode chegar a 100%. Esse foi o caso da Ambipar, segundo relatos e confirmações de instituições emissoras.
Enquanto isso, a agência Bloomberg revelou que a companhia prepara um pedido de recuperação judicial com apoio de assessores financeiros. Portanto, a solicitação deve ser formalizada nas próximas semanas, caso as negociações com credores não avancem.
Futuro incerto e imagem arranhada
A exclusão da B3 amplia a pressão sobre a Ambipar e dificulta sua permanência no mercado de capitais. Sem acesso a índices e certificações, a empresa perde visibilidade entre investidores institucionais e fundos de índice.
Além disso, o caso levanta questionamentos sobre transparência, auditoria e práticas de governança em empresas de capital aberto. Especialistas avaliam que a crise pode servir de alerta para o mercado brasileiro em relação a controles internos e fiscalização.
Apesar das tentativas de reestruturação, a Ambipar ainda precisa reconquistar a confiança dos investidores. Por fim, analistas afirmam que o processo será longo e dependerá da capacidade da empresa em corrigir falhas e restaurar credibilidade.