
- Ambipar despencou 41% em um único pregão, acumulando queda de quase 70% desde o pico.
- Pedido de proteção contra credores expõe risco de rombo de até R$ 10 bilhões.
- Executivos renunciam e investigações da CVM ampliam a crise de confiança.
A Ambipar (AMBP3) vive mais um colapso nesta quinta-feira (2). As ações chegaram a cair mais de 40% na mínima do pregão, entrando em leilão devido à forte volatilidade. Às 13h44, os papéis recuavam 33,89%, cotados a R$ 4,72, com giro de R$ 36,6 milhões.
O tombo ocorreu após revelação do Pipeline, do Valor Econômico. A reportagem mostrou que a empresa contabilizou como caixa recursos de um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) formado por transações de partes relacionadas. Além disso, dias antes de pedir proteção contra credores, o fundo teria emitido R$ 1,2 bilhão, sofrido perdas de rentabilidade e ampliado provisões.
Envolvimento de diretores no FIDC
O fundo antecipava recebíveis da ESG Participações e da Response, controladas da Ambipar. Entretanto, quem negociava esses recebíveis eram Guilherme Borlenghi, diretor operacional e filho do CEO Tercio Borlenghi, e Luciana Barca Nascimento, diretora-adjunta.
Além disso, os cotistas eram a Ambipar Bank, fintech do grupo, e a Ambipar Incorporações.
Esse vínculo direto de executivos com o fundo reforçou a percepção de risco de governança. Portanto, analistas avaliam que a situação mina a credibilidade da empresa e intensifica a fuga de investidores.
Vale a pena manter o papel?
O papel acumula queda de 65% em 2025. Além disso, enfrenta pressão desde o pedido de proteção judicial protocolado na semana passada.
Leandro Siqueira, da Varos Research, lembra que o ativo saltou de R$ 8 para R$ 120 em apenas um mês antes do grupamento, mas a falta de liquidez já indicava riscos elevados.
Por outro lado, Pedro Accorsi, da Benndorf Research, avalia que não há fundamentos para segurar o papel.
“A empresa vive um momento difícil, e o mercado precifica riscos de governança e de saúde financeira que jamais deveriam ter sido ignorados”, afirma.
Confiança em xeque
Na prática, a Ambipar enfrenta uma corrida de vendedores.
Portanto, investidores não querem “pagar para esperar” diante das incertezas.
Assim, o uso de FIDC como caixa e o envolvimento de executivos em operações de partes relacionadas transformaram a companhia em um caso clássico de risco extremo.