
- Ambipar acumula queda de mais de 70% em dois pregões.
- Pedido de proteção contra credores aumenta risco de RJ.
- Ratings rebaixados para default, o que pressiona a empresa ainda mais.
A Ambipar (AMBP3) vive dias críticos na Bolsa. Depois de desabar 61% na véspera, os papéis caíram mais 30% nesta sexta-feira (3), ampliando a perda acumulada e elevando a tensão no mercado.
O colapso ocorre em meio a uma sequência de más notícias. A companhia enfrenta saída de executivos, suspeitas sobre operações financeiras e um pedido de proteção contra credores, o que aumenta o temor de uma recuperação judicial iminente.
Suspeitas em fundos e pressão dos bancos
O caso mais grave surgiu com indícios de irregularidades em um FIDC ligado à companhia. Nesse fundo estariam parte dos R$ 4,7 bilhões de caixa, mas apenas R$ 2 bilhões em liquidez imediata. A dúvida sobre a real disponibilidade desse valor aumentou a desconfiança dos investidores.
Além disso, a Ambipar entrou com pedido de tutela cautelar para evitar cobranças que poderiam antecipar mais de R$ 10 bilhões em dívidas. O Tribunal do Rio aceitou a solicitação e suspendeu as execuções por 30 dias.
Contudo, bancos credores como Bradesco, Itaú, Santander e Sumitomo contestaram a medida, afirmando que a sede da holding fica em São Paulo.
Risco crescente de recuperação judicial
Especialistas avaliam que a proteção judicial pode ser apenas o primeiro passo para a RJ.
Para Max Mustrangi, especialista em reestruturação, a situação é crítica: “As dívidas aumentaram, os indicadores pioraram e dificilmente a companhia conseguirá se reestruturar sem pedir recuperação”.
As agências de rating reforçaram o alerta. A Fitch destacou que, se houver plano formal de renegociação, a nota pode cair para RD ou até D. A S&P Global já rebaixou os papéis da Ambipar para default, o que praticamente congela o acesso a novos financiamentos.
O que está em jogo para os acionistas
A empresa contratou a BR Partners para negociar a dívida, após tentativas frustradas com outra assessoria. Enquanto isso, um grupo de bondholders já se organiza para negociar diretamente.
Ademais, segundo a XP Investimentos, o momento exige cautela máxima. Para novos investidores, o ideal é não entrar no papel.
Por fim, quem mantém posição enfrenta o dilema: vender agora e realizar perdas ou segurar e arriscar uma queda ainda maior, caso a recuperação judicial se confirme.