Confiança em cheque

Ambipar (AMBP3) em apuros: bonds batem nível de estresse e CVM abre nova investigação

Empresa tenta se desvincular do Banco Master, reforça conselho e busca reconquistar credibilidade após bonds baterem nível de estresse.

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Ambipar 2
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  • Bonds da Ambipar dispararam para nível de estresse acima de 17%
  • CVM abriu nova investigação sobre recompra de ações
  • Empresa reforça conselho e nega vínculos com o Banco Master

A Ambipar (AMBP3) enfrenta sua fase mais delicada desde a estreia nos mercados globais. Investidores questionam a governança e pressionam os papéis, que chegaram a níveis de estresse após rumores de vínculos com o Banco Master.

Para conter os danos, a companhia reforçou o conselho e promete transparência maior em seus próximos balanços. A dúvida é se tais medidas serão suficientes para reconquistar a confiança perdida em meio a investigações e revisões negativas.

Um colapso no radar

Os títulos da Ambipar em dólar já oferecem retorno de 17% ao ano, número que costuma indicar forte desconfiança do mercado. Essa performance negativa deixou a empresa entre as piores do setor em 2025.

Além disso, a CVM voltou a investigar o programa de recompra de ações, levantando questionamentos sobre possíveis irregularidades. Essa reincidência acendeu um sinal de alerta adicional para gestores e fundos.

A situação foi agravada quando a Fitch cortou a perspectiva para negativa, citando falhas de governança e transparência contábil. Isso tende a encarecer ainda mais o custo de captação da Ambipar.

Governança sob ataque

O CEO Tércio Borlenghi Junior anunciou a entrada de nomes de peso, como Izabella Teixeira e Roberto Azevedo, no conselho. O colegiado saltou de cinco para nove membros e pode chegar a onze em breve.

Ao mesmo tempo, a direção insiste em afirmar que não há exposição ao Banco Master, apesar das transações suspeitas que alimentaram boatos sobre dívidas ocultas ligadas ao banco. A própria administração reforçou esse ponto em reuniões com investidores.

Mesmo assim, a confiança segue baixa. Para analistas, a governança reforçada é um passo importante, mas não resolve, sozinha, a pressão de mercado.

Dívida em xeque

O montante de R$ 2,1 bilhões atrelado a FIDCs preocupa investidores. Segundo Borlenghi, apenas R$ 600 milhões estariam aplicados em um fundo próprio da companhia, mas a falta de clareza ainda gera ruído.

Na frente financeira, a empresa avalia recompra de ações e renegociação com credores para lidar com sua dívida líquida de quase R$ 6 bilhões. Essas medidas podem aliviar parte da pressão, mas dependem de execução rápida.

Em paralelo, a Ambipar cortou cerca de mil postos de trabalho no mundo para aumentar a produtividade diante do cenário de juros altos no Brasil, atualmente em 15% ao ano.

Mercado sem confiança

Especialistas destacam que só a prova de geração de caixa consistente pode reverter o pessimismo. Enquanto não houver números sólidos, a pressão sobre os bonds e as ações deve continuar.

A expectativa é que os próximos balanços sejam decisivos, trazendo dados mais transparentes sobre FIDCs e exposição a riscos. Caso isso não aconteça, novas revisões negativas podem surgir.

Por ora, a empresa opera em modo de sobrevivência, tentando se afastar das polêmicas e mostrar resiliência em um ambiente de mercado cada vez mais desconfiado.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.