Axia PNC

Axia Energia (AXIA3) surpreende o mercado com dividendo gigante; pagamento será em nova ação

Companhia cria estruturas inéditas para liberar um dividendo bilionário sem entrar em conflito com a nova tributação.

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Nova marca da Eletrobras: companhia altera o nome três anos depois da privatização — Foto: Divulgação
Nova marca da Eletrobras: companhia altera o nome três anos depois da privatização — Foto: Divulgação
  • Estrutura indica intenção de unificar ações e preparar migração ao Novo Mercado.
  • Axia Energia (AXIA3) declarou dividendo próximo de R$ 40 bilhões, mas pagará por meio da nova ação PNC.
  • Detentores de PNB também receberão a classe PNR, garantindo compensação pelo prêmio tradicional.

A Axia Energia (AXIA3) decidiu avançar com uma estratégia ousada para distribuir parte de seus lucros acumulados, prestes a serem impactados pela nova taxação de dividendos que entra em vigor em 2026. A companhia declarou um montante próximo de R$ 40 bilhões, embora ainda não tenha definido o valor exato que os acionistas receberão.

Para evitar riscos jurídicos decorrentes da legislação conflitante, a empresa decidiu efetuar o pagamento por meio de uma nova classe de ações resgatáveis, chamada Axia PNC, que servirá como instrumento de quitação futura dos dividendos.

Axia cria novas ações para viabilizar o pagamento

A Axia informou que tanto os detentores das ações ON quanto das PNB terão direito às novas PNC. Contudo, os acionistas de Axia PNB também receberão a classe PNR, criada para compensar o prêmio de 10% que as preferenciais tradicionalmente recebem em relação às ordinárias.

A companhia estruturou essa solução para contornar um impasse da nova lei: apesar de permitir que empresas declarem dividendos ainda em 2025 e paguem até 2028, a Lei das S.A. exige que o pagamento ocorra no mesmo exercício. O conflito abre margem para judicialização, e a Axia tenta evitar justamente esse cenário.

Com a nova classe, a empresa poderá resgatar gradualmente as ações PNC nos próximos anos, efetivando o pagamento do dividendo já declarado. Além disso, os detentores da PNC poderão converter o papel em ações ON, ampliando a flexibilidade da operação.

Estratégia ocorre após ano recorde de distribuições

A companhia não teria condições de pagar novos dividendos em dinheiro ainda em 2025, pois já desembolsou valores expressivos. Somente em novembro, distribuiu R$ 4,3 bilhões, além de outros R$ 4 bilhões ao longo do ano.

Apesar do esforço financeiro, a Axia também anunciou a criação das novas classes PNA1 e PNB1. As atuais ações PNA e PNB serão convertidas nesses novos papéis, que passam a garantir tag along aos acionistas preferencialistas.

As mudanças reforçam a percepção do mercado de que a Axia iniciou um processo que pode culminar na unificação total das suas ações e na futura migração para o Novo Mercado da B3, segmento de mais alto nível de governança.

Assembleia deve confirmar os próximos passos

A Axia convocou uma Assembleia Geral Extraordinária para 19 de dezembro, na qual os acionistas decidirão sobre todas as alterações estruturais propostas. A expectativa é que o encontro valide a declaração de dividendos, a criação das novas classes de ações e o cronograma de resgates.

A administração argumenta que a iniciativa segue os princípios de governança que orientam o Novo Mercado, especialmente pelo modelo one share, one vote presente na nova classe PNC. Embora transitória, a estrutura se conecta à ambição da companhia de elevar seu padrão de governança.

Assim, a Axia se antecipa ao impacto da tributação e tenta preservar competitividade, mantendo seus acionistas isentos enquanto viabiliza pagamentos futuros de forma juridicamente segura.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.