
A Azul (AZUL4) — que está reestruturando suas finanças sob o Chapter 11 nos Estados Unidos — entrou na Justiça americana para tentar impedir que a Raízen (RAIZ4) suspenda o abastecimento de suas aeronaves.
O pedido, apresentado na última semana à Justiça de Nova York, ocorre após a Raízen comunicar que pode acionar um mecanismo chamado “Stop Supply”, que autoriza a interrupção no fornecimento em até três dias úteis. O motivo? Segundo a distribuidora, a Azul estaria inadimplente desde 12 de junho no pagamento de amortização e remuneração de debêntures da 12ª emissão, conforme informado pelo agente fiduciário dos títulos, a Vórtx.
Um problema de combustível… e sobrevivência
No documento judicial, a Azul afirma que a atitude da Vórtx é “ilegal” e acusa a medida de ser uma ameaça direta à sua recuperação judicial.
A companhia alega que o corte de combustível não apenas impactaria a operação, mas poderia desencadear um efeito cascata devastador, com voos cancelados, aeronaves paradas e prejuízos irreversíveis à reputação da empresa.
“A suspensão no fornecimento de combustível colocaria em risco a capacidade da Azul de se reorganizar de maneira bem-sucedida sob a recuperação judicial”, destacou a empresa no pedido apresentado à Corte americana.
Como a Azul foi parar na Justiça dos EUA?
Em maio, a Azul surpreendeu o mercado ao entrar com um pedido de recuperação judicial nos EUA, por meio do mecanismo conhecido como Chapter 11.
A justificativa foi clara: grande parte dos credores da empresa está no exterior, e a legislação americana é mais flexível para esse tipo de reestruturação.
Com mais de US$ 2 bilhões em dívidas a serem eliminadas e cerca de US$ 1,6 bilhão em financiamento já envolvidos, a Azul espera levantar até US$ 950 milhões em novos aportes de capital ao final do processo.
O que está em jogo?
O imbróglio com a Raízen não é apenas um embate contratual — ele revela o grau de fragilidade operacional de empresas aéreas em recuperação judicial.
Combustível é o oxigênio de uma companhia aérea. Sem ele, não há voo, não há receita — e, no caso da Azul, não há plano de recuperação que sobreviva.
Além disso, o episódio ilustra como credores locais, como a Raízen, podem se chocar com a blindagem jurídica concedida pela justiça americana no caso de empresas brasileiras que optam por reestruturações via Chapter 11.