
A situação financeira da Azul (AZUL4) tem preocupado o mercado. Principalmente, após a agência de classificação de risco S&P Global Ratings rebaixar o rating de crédito da empresa de CCC+ para CCC-, colocando a companhia a apenas dois degraus de um default (calote).
A perspectiva também foi mantida como negativa, o que sinaliza a possibilidade de novos rebaixamentos à frente.
O novo corte no rating não apenas joga mais pressão sobre a Azul, como reforça a percepção de alto risco de inadimplência, o que dificulta ainda mais o acesso a capital e torna qualquer financiamento potencialmente mais caro — uma combinação especialmente perigosa para uma empresa que já enfrenta dificuldades de caixa.
Queima de caixa bilionária e risco de calote
Segundo a S&P, a liquidez da Azul continua deteriorando devido à queima de caixa material no primeiro trimestre de 2025.
Mesmo após captar R$ 3 bilhões em notas superprioritárias durante sua última reestruturação, a empresa teve uma saída líquida de quase R$ 750 milhões apenas entre janeiro e março deste ano.
Embora os vencimentos de dívida para os próximos 12 meses somem “apenas” R$ 730 milhões, os compromissos operacionais e financeiros da companhia — incluindo arrendamentos, juros, capital de giro e capex — devem atingir algo entre R$ 7,4 bilhões e R$ 7,8 bilhões no mesmo período, segundo estimativas da agência.
Para piorar, o caixa e os investimentos líquidos somavam apenas R$ 655 milhões no último balanço.
Resultados fracos e alerta de analistas
No entanto, ao olhar o número ajustado, o cenário é bem diferente: prejuízo de R$ 1,8 bilhão, um aumento de 460% em relação ao ano anterior.
O Goldman Sachs considerou os resultados “frustrantes” e abaixo das expectativas, destacando o aumento das despesas e a queda na liquidez imediata, que recuou de R$ 3,1 bilhões para R$ 2,3 bilhões entre o quarto trimestre de 2024 e o primeiro trimestre de 2025.
Vai buscar mais capital, mas quando?
Durante teleconferência com analistas, o CFO da Azul, Alexandre Malfitani, reconheceu a necessidade de reforçar a estrutura financeira. “Faria sentido para nós trazer capital adicional, mas vamos encontrar o momento certo para isso”, afirmou.
Por enquanto, o momento certo parece cada vez mais difícil de encontrar.