Reestruturação financeira

Azul (AZUL4) perde fôlego após oficializar pedido de recuperação judicial

Companhia aérea, que negava recorrer ao Chapter 11, não resiste à pressão financeira e busca proteção da Justiça americana.

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A320neo Azul 01
A320neo Azul 01
  • Azul entra com pedido de recuperação judicial nos EUA e ações despencam mais de 5%
  • Plano prevê corte de US$ 2 bilhões em dívidas e novos aportes de até US$ 950 milhões
  • United e American Airlines investem US$ 300 milhões e se tornam sócias da Azul

A Azul Linhas Aéreas deu um passo radical e surpreendeu o mercado nesta quarta-feira (28) ao protocolar um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, sob o chamado Chapter 11.

A decisão marca uma guinada dramática na estratégia da empresa, que até então descartava publicamente essa possibilidade. A reação foi imediata: as ações da Azul (AZUL4) desabaram 5,61%, cotadas a R$ 1,01, enquanto os papéis da rival Gol (GOLL4) também recuaram, com queda de 3,15%, a R$ 1,23.

A Azul era a última das grandes aéreas brasileiras a resistir à via judicial desde o início da pandemia. Mas, acabou cedendo à deterioração do cenário setorial e à pressão por liquidez. O pedido, segundo a empresa, formaliza acordos prévios com credores e parceiros estratégicos, como United Airlines e American Airlines, que prometem injetar até US$ 300 milhões na empresa.

Endividamento insustentável

A situação financeira da Azul se tornou insustentável. A dívida total da companhia atingiu R$ 31,35 bilhões no primeiro trimestre de 2025, um salto de 50,3% em relação ao mesmo período de 2024.

Em abril, a empresa ainda tentou reforçar o caixa por meio de uma oferta de ações que arrecadou R$ 1,6 bilhão, mas o montante ficou muito aquém do necessário para reorganizar suas finanças.

A companhia alegou que optou pela recuperação judicial como parte de uma reestruturação financeira “voluntária e estratégica”. O processo inclui um financiamento no modelo debtor-in-possession (DIP) de US$ 1,6 bilhão. Dessa forma, sendo US$ 670 milhões em novos recursos e o restante voltado para reestruturação de passivos existentes.

O objetivo da Azul é ambicioso: eliminar mais de US$ 2 bilhões em dívidas e captar até US$ 950 milhões em novos aportes de capital ao final do processo. Parte do financiamento será quitada com os recursos de uma nova oferta de ações, já garantida por investidores, no valor de até US$ 650 milhões.

Aliança com United e American Airlines

O processo de recuperação judicial da Azul chega respaldado por dois dos maiores players da aviação mundial. A United Airlines e a American Airlines já firmaram acordos de aporte conjunto de US$ 300 milhões. E, ainda, ao fim do processo, se tornarão acionistas da empresa brasileira. A maior arrendadora de aeronaves da Azul também apoia a reestruturação.

Para a Azul, esse suporte significa mais do que capital: é um voto de confiança que poderá atrair outros investidores e acelerar o processo. A empresa estima que a recuperação judicial esteja finalizada até o fim de 2025 ou início de 2026.

John Rodgerson, CEO da Azul, afirmou que o movimento foi “estratégico e necessário” diante dos efeitos prolongados da pandemia. Além da instabilidade macroeconômica e dos gargalos na cadeia global de suprimentos.

“Esse abrangente pacote de financiamento significa que o caminho para a conclusão da reestruturação já está delineado, o que simplifica o processo e acelera o cronograma”, declarou em comunicado.

Mercado reage com ceticismo

Apesar dos esforços para sinalizar uma retomada sólida, o mercado reagiu com forte desconfiança. A queda de mais de 5% nas ações da Azul reflete o temor dos investidores quanto à sustentabilidade da empresa no longo prazo, mesmo com o respaldo de gigantes da aviação.

A decisão de recorrer ao Chapter 11, embora planejada e com apoio de parceiros, escancara a fragilidade do setor aéreo nacional. Além da dificuldade das companhias em obter financiamento no Brasil sem a proteção de tribunais estrangeiros.

Agora, o foco estará na capacidade da Azul de cumprir o cronograma e transformar essa reestruturação em um verdadeiro plano de salvação. E, portanto, não em uma parada de emergência sem retorno.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.