
- BC barra compra e livra BRB de herdar riscos bilionários do Master.
- Negócio vetado fragiliza ainda mais o Master e levanta dúvidas sobre seu futuro.
- Mercado vê decisão como sinal de confiança reforçada em bancos sólidos listados na B3.
O Banco Central rejeitou a compra do Banco Master pelo BRB, em decisão comunicada na noite desta quarta-feira (3), depois do fechamento do mercado. Assim, o veto encerra meses de negociações turbulentas e livra o banco estatal de assumir um ativo cercado de desconfiança no sistema financeiro.
A operação de R$ 24 bilhões vinha sendo vista com cautela por analistas, justamente pelo risco de contaminação do balanço do BRB com dívidas e ativos problemáticos do Master. Agora, a recusa do BC é interpretada como um “alívio” para o BRB, mas aumenta a pressão sobre o futuro do banco privado.
BRB respira aliviado
Para o BRB, a decisão evita a herança de uma instituição em situação delicada. O Master acumulava passivos expressivos em CDBs de alto rendimento e ativos ilíquidos como precatórios e participações em empresas em crise, combinação que poderia comprometer o caixa do adquirente.
Nesse sentido, sem o negócio, o BRB preserva sua imagem e a confiança dos investidores, mantendo foco em sua estratégia própria de crescimento.
Desse modo, no mercado a leitura é de que a autoridade monetária blindou o banco estatal de um problema que poderia minar sua credibilidade.
Master em xeque
Se o BRB sai ileso, o cenário é bem mais complicado para o Master. A instituição já enfrentava dificuldades de liquidez e precisava da transação como saída para recompor sua estrutura de capital.
Além disso, sem o aval, cresce o risco de pressão de credores e clientes, aumentando a incerteza sobre sua sobrevivência no médio prazo.
Portanto, o mercado percebe que o BC se antecipou para evitar que uma crise pontual virasse risco sistêmico. Caso o Master não honrasse compromissos, o mercado acionaria o FGC em larga escala.
Reflexo no mercado
O veto do BC pode ter efeitos indiretos sobre o mercado financeiro e até sobre empresas listadas. A mensagem ao setor é clara: a autoridade monetária não hesitará em barrar movimentos de consolidação que representem risco elevado.
Ademais, para os investidores, a leitura é de que o regulador está mais vigilante, o que reforça confiança nas instituições sólidas e pode beneficiar bancos com balanços mais saudáveis, como Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11).
Por fim, no curto prazo, a decisão também reduz ruídos políticos. O BRB, controlado pelo governo do Distrito Federal, evita associação a uma operação considerada polêmica na Faria Lima e no BC.