
A maré não está favorável para o Banco do Brasil (BBAS3). Desde a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2025, os investidores têm demonstrado crescente cautela em relação ao banco estatal — e esse sentimento continua firme às vésperas da divulgação do balanço do segundo trimestre (2T25), marcada para o dia 13 de agosto.
A XP Investimentos revisou suas estimativas para os resultados do BB no 2T25 e para o restante do ano. O tom? Mais conservador e com sinal de alerta.
Segundo os analistas Bernardo Guttmann e Matheus Guimarães, apesar de uma leve possibilidade de surpresa positiva nos números, a realidade é outra: “A suspensão do guidance, combinada com a deterioração nos dados recentes sobre a qualidade do crédito — em um nível pior do que o esperado — nos leva a considerar a dinâmica de curto prazo do banco bastante desfavorável”.
A XP projeta um lucro líquido de R$ 5,4 bilhões para o 2T25, redução expressiva em relação à previsão anterior de R$ 6,4 bilhões feita em maio.
A estimativa para 2025 também foi revisada para baixo em 8%, agora fixada em R$ 26 bilhões. A recomendação foi mantida como neutra, com preço-alvo de R$ 32 por ação até o fim de 2026 — abaixo dos níveis atuais de mercado.
Agro pesa, inadimplência cresce
O principal ponto de preocupação segue sendo o impacto negativo do setor agro na inadimplência, que deve aumentar novamente neste trimestre.
A XP também projeta uma desaceleração no crescimento da carteira de crédito, que deverá encerrar o trimestre praticamente estável frente ao primeiro trimestre, embora com alta de 8% em relação ao 2T24.
A receita líquida de juros (NII) deve crescer modestamente, 2,4% na comparação trimestral.
Mercado evita BBAS3, mas pergunta: “Quando comprar?”
O JPMorgan, que esteve recentemente em reuniões com investidores em São Paulo e no Rio, relata que o sentimento entre gestores sobre o Banco do Brasil é majoritariamente negativo. “O único consenso que vimos foi para BBAS3: a maioria dos investidores está vendendo ou evitando a ação. Encontramos poucos otimistas”, diz o banco.
Entre as preocupações estão a magnitude e duração do ciclo de deterioração do crédito no agronegócio, a suspensão do guidance da companhia e o aumento das provisões, que reduzem a expectativa de distribuição de dividendos — um dos grandes atrativos históricos das ações do Banco do Brasil.
Curiosamente, apesar da postura defensiva, a pergunta mais ouvida foi: ‘quando é hora de comprar?’.
Segundo o JPMorgan, ainda não é o momento. A leitura é de que o segundo trimestre será fraco, e os sinais de virada só devem aparecer a partir do 3T25 — dependendo da evolução da inadimplência de curto prazo (15 a 90 dias), que segue em trajetória de alta.
No comparativo entre bancos, BBAS3 perde espaço
O relatório do JPMorgan também destaca que, enquanto o Itaú (ITUB4) é visto como caro e o Bradesco (BBDC4) como uma aposta volátil ligada ao ciclo macro, o BB enfrenta uma percepção mais estruturalmente negativa. Já o Santander (SANB11) sofre com dúvidas sobre inadimplência no crédito automotivo e menor liquidez, o que limita seu apelo.
A Itaúsa (ITSA4) apareceu como uma alternativa para quem quer exposição ao Itaú com múltiplos mais atrativos. E o BTG Pactual (BPAC11) foi citado como escolha entre gestores que estão girando a carteira e se reposicionando.