
- Ações do Banco do Brasil caíram 0,86%, pressionadas por polêmica com Moraes e balanço fraco.
- Lucro líquido ajustado do 2º trimestre foi de R$ 3,8 bi, 60% menor que em 2023.
- Bancos perderam mais de R$ 41 bi em valor de mercado nesta semana, em meio a temores da Lei Magnitsky.
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) caíram 0,86% nesta quinta-feira (21), em meio ao escândalo do cartão bloqueado do ministro Alexandre de Moraes. O episódio, ligado às sanções da Lei Magnitsky, elevou a pressão sobre o banco estatal.
A queda levou os papéis a R$ 19,69, em um movimento que também refletiu o resultado fraco do 2º trimestre e a crescente preocupação do mercado com inadimplência e instabilidade no setor agrícola.
Escândalo do cartão
A notícia de que Moraes teve um cartão de bandeira americana bloqueado foi inicialmente revelada pela Folha. Mais cedo, o Valor Econômico associou a operação ao Banco do Brasil.
Assim, em resposta, o banco ofereceu ao ministro um cartão da bandeira Elo, considerada “100% brasileira”, para evitar restrições impostas por Washington. No entanto, o caso aumentou a atenção do mercado sobre os riscos de exposição a sanções externas.
Desse modo, analistas afirmam que o episódio “apimentou” a percepção negativa sobre o banco e reforçou o clima de incerteza que já pressionava os papéis.
Lucro em queda
Além da polêmica, os números do 2º trimestre acentuaram a pressão. O Banco do Brasil reportou lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões, queda de 60% em relação ao mesmo período do ano passado.
Ademais, segundo Marco Noernberg, sócio da Manchester Investimentos, o resultado provocou uma “pressão vendedora”, reduzindo a confiança dos investidores.
Portanto, para Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating, o balanço trouxe sinais preocupantes de inadimplência e fragilidade no setor agrícola, que enfrenta recuperação judicial após problemas na última safra.
Risco no setor bancário
O ambiente geral também não ajuda. Desde terça-feira (19), bancos acumulam mais de R$ 41 bilhões em perdas de mercado, após decisão do ministro Flávio Dino que limita a validade de ordens judiciais estrangeiras no Brasil.
Além disso, embora o caso não trate diretamente das sanções contra Moraes, a fala do ministro abriu espaço para temores de punições às instituições que desrespeitarem decisões do STF.
Por fim, esses fatores somados reforçam a percepção de que o setor bancário enfrenta um cenário de estresse, com pressões jurídicas, políticas e financeiras.