
- Itaú (ITUB4) e BTG (BPAC11) entregam lucros resilientes com modelo diversificado.
- Bradesco (BBDC4) mostra sinais de recuperação, mas segue abaixo do custo de capital.
- Banco do Brasil (BBAS3) carrega o peso das provisões do agro e maior risco regulatório.
O segundo trimestre de 2025 deixou claro que o setor bancário brasileiro segue dividido. De um lado, Itaú e BTG entregaram lucros sólidos e consistentes. Do outro, Bradesco e Banco do Brasil mostraram desafios, com ajustes ainda em andamento e provisões pesadas no agro.
A análise da Fitch revela que o desempenho não foi apenas reflexo do ciclo de crédito, mas do modelo de negócio de cada instituição. Enquanto alguns bancos se apoiaram na diversificação e eficiência, outros ainda lutam para recuperar rentabilidade diante de riscos elevados.
Quem lidera o lucro
A Fitch destacou que os resultados do segundo trimestre de 2025 deixaram claro o racha entre os grandes bancos. Itaú (ITUB4) e BTG Pactual (BPAC11) sustentaram lucros fortes, enquanto Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3) seguem em caminhos distintos.
Segundo a agência, o Itaú conseguiu se beneficiar de spreads mais altos e disciplina no crédito a varejo afluente e PMEs. O BTG, por sua vez, blindou seus ganhos com receitas de tarifas, gestão de ativos e banco de investimento, reduzindo a dependência da margem financeira.
Na prática, o modelo de negócio pesou mais do que o ciclo de crédito. A diversificação do BTG e o foco seletivo do Itaú garantiram resultados acima da média do setor, mesmo em ambiente de juros altos e risco regulatório crescente.
Bradesco em transição
O Bradesco mostrou avanço em seu processo de ajustes, mas ainda opera abaixo do custo de capital. A carteira mais colateralizada e a maior contribuição dos seguros ajudaram, porém a eficiência continua prejudicada pelos custos de reestruturação.
Apesar da melhora gradual, a Fitch ressalta que o banco ainda não entrega retorno compatível com o patrimônio líquido. Os próximos trimestres devem mostrar se a estratégia de corte de despesas e integração vai se refletir em ganhos mais sólidos.
O desafio está em sustentar essa recuperação em meio a maior concorrência e margens mais apertadas. Para os investidores, o Bradesco segue como aposta de médio prazo, com risco maior do que Itaú ou BTG.
Banco do Brasil sob pressão
Entre os grandes, o Banco do Brasil foi o que mais sofreu. Embora tenha mantido receitas sólidas, as provisões bilionárias ligadas ao agronegócio corroeram a lucratividade. O banco também foi impactado por novas regras que aceleraram o reconhecimento de perdas.
Na avaliação da Fitch, o BB mantém escala e relevância, mas a lucratividade ajustada ao risco está enfraquecida. O impacto do agro segue forte e deve continuar pressionando o balanço, mesmo com tentativas de diversificação.
Para investidores, isso significa que o BB tende a carregar prêmios de risco maiores no curto prazo. A combinação de incertezas regulatórias e estresse na carteira rural deve manter o papel como o mais frágil entre os grandes bancos listados.