
- BB Seguridade (BBSE3) distribui dividendos recordes em 2025, mas prepara o investidor para uma queda em 2026
- Alta da Selic sustenta lucros e dividendos, mas queda dos juros deve reaquecer vendas de seguros só a partir de 2026
- Dependência do Banco do Brasil e impacto limitado do agro reforçam estabilidade de longo prazo para BBSE3
A BB Seguridade (BBSE3) atravessa um dos momentos mais rentáveis de sua história, colocando-se no topo da lista de pagadoras de dividendos em 2025. A seguradora distribuiu R$ 4,26 por ação até agosto, o que equivale a um dividend yield de 11,32%, e ainda projeta reforçar os proventos no segundo semestre.
Mas o investidor deve manter os pés no chão. A companhia já deixou claro que 2026 será mais desafiador, devido à desaceleração do crédito e ao efeito da taxação sobre planos de previdência, fatores que vão reduzir o lucro e, consequentemente, o volume distribuído.
Dividendos robustos no curto prazo
O CFO Rafael Sperendio destacou que a BB Seguridade deve superar até os 90% de payout em 2025, marca que já vem sendo praticada desde 2019. No primeiro semestre, a companhia entregou R$ 3,77 bilhões em dividendos, ou R$ 1,94 por ação, e ainda existe espaço para pagamentos adicionais.
Segundo Sperendio, a resiliência do modelo de negócios permite enfrentar as oscilações econômicas sem comprometer o caixa. A alta da Selic, atualmente em 15%, sustenta a receita financeira e compensa o recuo no operacional, mantendo a previsibilidade de lucros.
Esse cenário torna 2025 um ano excepcional para investidores focados em renda passiva, consolidando a imagem da seguradora como “vaca leiteira” da Bolsa.
2026: o teste de paciência
Apesar da fartura imediata, Sperendio reconhece que 2026 será mais difícil. A queda no crédito rural e prestamista reduzirá a base operacional e deve gerar um vale de baixa de até 1,5 ano.
O payout de 90% será mantido, mas sobre um lucro menor. Isso significa que os dividendos cairão, ainda que a ação não deva sofrer grandes correções, já que o mercado precifica esse cenário.
O executivo reforça que o momento deve ser visto como transição. A expectativa é de que, com a queda dos juros em 2026, o crédito volte a crescer, recuperando as vendas de seguros e preparando terreno para uma retomada mais forte em 2027 e 2028.
Dependência do Banco do Brasil e agro no radar
Mais de 90% da receita da BB Seguridade ainda vem do Banco do Brasil (BBAS3), que mantém forte controle sobre a operação. A parceria, vigente até 2031, é considerada estratégica, mas limita mudanças estruturais que poderiam atrair ainda mais investidores.
No agronegócio, a seguradora não absorve diretamente os calotes de produtores, já que cobre apenas perdas climáticas. Mesmo assim, a menor contratação de seguros rurais pesa, ainda que diluída em prazos mais longos. Segundo Sperendio, apenas 7% da área plantada no Brasil tem cobertura, o que abre oportunidades futuras.
Essa combinação de resiliência financeira e desafios pontuais explica porque analistas veem a ação como barata, negociada a 7,46 vezes preço/lucro (P/L), contra 9,86 da Caixa Seguridade e 10,58 da Porto.