
- Banco do Brasil pode ser afetado por sanções secundárias dos EUA contra Moraes
- Operações em dólar e relacionamento com bancos americanos correm risco
- Mercado financeiro já testa cenários extremos com impacto sobre instituições brasileiras
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos aplicou sanções formais ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sob a Lei Magnitsky. A medida provocou reação imediata no mercado financeiro brasileiro, que agora testa cenários de risco envolvendo empresas públicas e privadas expostas ao sistema bancário americano.
Entre os possíveis afetados, está o Banco do Brasil (BB), que mantém operações em Nova York e Miami. Executivos e analistas temem que o banco possa enfrentar restrições ou até precisar encerrar suas atividades no país caso as sanções avancem para o campo das penalidades indiretas.
Sinal de alerta no sistema financeiro
A imposição de sanções contra Moraes, acusado por Washington de violar liberdades civis, acendeu o alerta em diversas instituições com presença nos Estados Unidos. Mesmo que as punições tenham como alvo direto o ministro, a Lei Magnitsky permite sanções secundárias a empresas ou bancos que mantêm relações financeiras com o sancionado.
Segundo analistas da Faria Lima, isso pode incluir restrições a transações em dólar, bloqueio de acesso ao sistema Swift ou mesmo revogação de licenças de operação em território americano.
O BB (BBAS3), como banco estatal e com filiais nos EUA, estaria na linha de frente dos riscos.
“Se o Banco do Brasil realizar qualquer operação que envolva o ministro Moraes, ainda que indiretamente, poderá sofrer represálias”, explicou um executivo do setor sob anonimato.
BB em risco de isolamento internacional
Embora Moraes não possua contas nos Estados Unidos, o temor dos operadores é que as sanções avancem para impedir qualquer vínculo entre instituições brasileiras e o ministro. Isso colocaria o Banco do Brasil numa situação delicada, especialmente se houver movimentações financeiras envolvendo empresas ou indivíduos ligados a ele.
Na prática, o banco poderia enfrentar dificuldades para operar em dólar, renegociar parcerias ou ser obrigado a revisar contratos internacionais. Fontes próximas ao Banco Central indicam que já há preocupação com eventuais exigências de compliance mais rígidas por parte dos EUA.
Além disso, o risco reputacional é alto. Mesmo que nenhuma norma tenha sido violada até agora, o simples temor de envolvimento pode afastar investidores ou parceiros internacionais.
Mercado já testa o pior cenário
O mercado financeiro, que já vinha demonstrando apreensão com o clima político entre Brasília e Washington, agora testa hipóteses extremas. Uma delas prevê o fechamento da operação do BB nos EUA, caso os vínculos institucionais com Moraes se tornem um entrave legal.
Outra possibilidade discutida é a de que outras estatais, como a Petrobras ou o BNDES, passem a adotar medidas preventivas para evitar exposição a sanções. A ofensiva americana, somada ao recente tarifaço de 50% imposto pelo governo Trump sobre produtos brasileiros, elevou ainda mais a tensão diplomática.
Na avaliação de diplomatas, o Brasil vive um dos momentos mais delicados de sua relação com os Estados Unidos desde 2013, quando estourou o escândalo de espionagem da NSA.
Perspectivas e próximos passos
O Banco do Brasil ainda não se manifestou oficialmente sobre os riscos. No entanto, especialistas em direito internacional apontam que o banco pode ser forçado a cortar qualquer ligação — por mínima que seja — com o ministro Moraes ou pessoas físicas e jurídicas sancionadas.
No Congresso, parlamentares da oposição já preparam requerimentos para convocar o presidente do BB e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a prestarem esclarecimentos sobre o impacto das sanções. Há ainda pressão para que o governo busque diálogo diplomático com os EUA, na tentativa de evitar prejuízos à economia brasileira.