
- Lucro do Banco do Brasil caiu 60% no 2T25, pressionado por provisões e inadimplência
- Guidance foi revisado para baixo e dividendos encolheram, aumentando incertezas
- O 3T25 será decisivo para mostrar se o banco pode recuperar margens e credibilidade no mercado
O Banco do Brasil (BBAS3) está sob os holofotes do mercado financeiro. Depois de um segundo trimestre desastroso, a ação da estatal carrega incertezas que vão se arrastar até o balanço do terceiro trimestre, previsto para novembro.
A queda abrupta do lucro e a escalada da inadimplência, especialmente no agronegócio, levantaram questionamentos sobre a capacidade do banco em recuperar margens, reduzir despesas e manter atratividade para os investidores.
O lucro que virou alerta
No 2T25, o Banco do Brasil apresentou lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões, uma queda de 60% em relação ao mesmo período de 2024. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) despencou para 8,4%, menor nível desde 2000, contra 21,6% no ano anterior.
Apesar disso, BBAS3 segue com grande relevância na B3, sendo uma das ações mais negociadas. Mesmo após o baque do balanço, os papéis reagiram com volatilidade: alta de 4,03% no dia seguinte e de 1,31% no pregão posterior.
Ainda assim, o desempenho não dissipou as dúvidas. Portanto, o peso das provisões e a pressão sobre despesas administrativas seguem como entraves no curto prazo.
O buraco do crédito rural
Segundo analistas, o maior vilão foi o aumento de provisões para devedores duvidosos (PDD), que saltaram cerca de 80% em um ano e drenaram quase R$ 14 bilhões do resultado. O agronegócio, responsável por 30% da carteira de crédito, enfrenta recordes de inadimplência, com 3,5% em atrasos acima de 90 dias.
Além disso, a Resolução 4.966 do CMN antecipou perdas futuras, exigindo maior robustez nas provisões. A diversificação para pessoas físicas até cresceu 8%, mas não foi suficiente para compensar.

Desse modo, somam-se a isso os custos administrativos, com gastos de pessoal representando 70% do total. Essa rigidez pesa mais em bancos estatais, que têm menor flexibilidade para reduzir despesas em comparação a privados.
Dividendos e guidance em xeque
Para 2025, o Banco do Brasil revisou seu guidance, reduzindo a projeção de lucro líquido ajustado para R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões, contra estimativa anterior de até R$ 41 bilhões. A projeção de payout de dividendos também caiu de 40% para 30%, o que preocupa investidores que buscam retorno mais imediato.
Além disso, o desafio agora é mostrar ao mercado se o conservadorismo é temporário ou se haverá mudanças mais profundas na política de crédito. A decisão sobre dividendos pode ser determinante para manter ou afastar investidores institucionais.
Portanto, segundo gestores o banco precisa sinalizar recuperação consistente ou a ação continuará sendo negociada com desconto frente aos pares privados.
O que esperar no 3T25
Analistas de diferentes casas de investimento destacam três pontos centrais que vão direcionar a leitura do próximo balanço: a evolução da inadimplência, a eficiência na gestão de custos e as novas projeções da administração.
Ademais, o Goldman Sachs reduziu o preço-alvo para R$ 20 e cortou a estimativa de lucro recorrente para R$ 19,7 bilhões em 2025. Já o Bradesco BBI manteve recomendação neutra, com preço-alvo em R$ 21, enquanto o Morgan Stanley segue mais otimista, apontando preço-alvo em R$ 39.

Ou seja, o mercado segue dividido. Por fim, o investidor terá de acompanhar os próximos números para entender se o Banco do Brasil entrará em um ciclo de recuperação ou se continuará preso à pressão dos calotes no agro e dos custos internos.