
Nesta sexta-feira (18/07/2025), o mercado financeiro brasileiro enfrentou uma tempestade política e econômica: a Bolsa caiu com força e o dólar disparou, enquanto cresce o receio de que a prisão de Bolsonaro desencadeie sanções internacionais.
Ações do STF provocam fuga de capitais no Brasil
O mercado financeiro brasileiro encerrou a semana sob forte tensão. A Bolsa de Valores registrou queda expressiva e o dólar disparou, refletindo o nervosismo dos investidores diante do agravamento da crise política nacional. O centro da instabilidade foi a operação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que reacendeu especulações sobre uma possível prisão e, consequentemente, aumentou a percepção de risco no país.
Perseguição a Bolsonaro?
A ação da Polícia Federal, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, determinou que Bolsonaro use tornozeleira eletrônica, tenha o passaporte retido e fique impedido de interagir em redes sociais ou com embaixadas. A justificativa do STF foi a de que há riscos de obstrução de justiça e tentativa de fuga do país. A operação repercutiu fortemente no cenário internacional e acendeu alertas entre investidores estrangeiros, que rapidamente começaram a retirar seus recursos da economia brasileira.
Segundo dados da B3, apenas entre os dias 8 e 16 de julho, investidores estrangeiros sacaram R$ 4,8 bilhões da Bolsa brasileira — uma reversão brusca em relação ao otimismo registrado em maio, quando houve entrada de R$ 10,5 bilhões. O saldo do mês, que era positivo, já se tornou negativo, e a tendência de saída continua forte. O movimento de fuga de capitais coincide com a tensão política interna e a deterioração do ambiente institucional.
Além da instabilidade provocada pelas ações do STF, há um fator externo ainda mais preocupante: as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos. O ex-presidente Donald Trump, possível candidato em 2026, anunciou recentemente tarifas de 50% sobre diversos produtos brasileiros, e analistas do mercado apontam que isso pode estar ligado a uma percepção de perseguição política contra Bolsonaro. Há, inclusive, o temor de que o Brasil se torne alvo de sanções mais amplas caso o ex-presidente seja preso.
O impacto dessa confluência de fatores foi sentido imediatamente. O Ibovespa caiu cerca de 1,4% nesta sexta-feira (18), fechando aos 133.709 pontos, e acumula perdas de 2,4% em julho. Já o dólar subiu 0,59%, sendo negociado a R$ 5,57 — a maior cotação desde março. O aumento da moeda americana pressiona a inflação, encarece importações e afeta diretamente os custos de empresas e consumidores.
Especialistas avaliam que o ambiente de negócios no Brasil está sendo contaminado por incertezas políticas e jurídicas. Segundo Étore Sanchez, economista da Ativa Investimentos, “o episódio acende um sinal de alerta para os investidores estrangeiros, que passam a ver o Brasil como um ambiente instável e arriscado”. Já Leonel Mattos, da StoneX, afirma que “vincular questões políticas internas a medidas econômicas externas, como tarifas, pode comprometer a imagem do país no comércio global”.
Crise política no Brasil e tensões comerciais
Com o avanço das investigações contra Bolsonaro, o aprofundamento da crise política e a escalada nas tensões comerciais com os EUA, o Brasil corre o risco de perder competitividade e afastar ainda mais os investimentos externos. A instabilidade também compromete a previsibilidade econômica, essencial para atrair capital estrangeiro em um momento de desaceleração global.
Diante desse cenário, o governo precisará agir com rapidez para conter os danos. Seja com ações diplomáticas para reverter as tarifas impostas por Washington, seja com medidas internas que garantam estabilidade institucional. Sem isso, a tendência é que a fuga de capitais continue, o dólar siga pressionado e a confiança no Brasil, especialmente por parte de investidores internacionais, permaneça abalada.