
- Bonds da Braskem em dólar desabam até 80%, gerando risco de default
- Crise ambiental e tentativas frustradas de venda agravaram a situação da petroquímica
- Petrobras analisa alternativas para evitar colapso da companhia
A Braskem (BRKM5) enfrenta um de seus capítulos mais dramáticos. A crise da petroquímica, já marcada por anos de prejuízos e problemas ambientais, ganhou nova dimensão após o colapso dos títulos em dólar, que despencaram até 80% em setembro.
A derrocada expõe a fragilidade da empresa, antes considerada sólida o suficiente para ser a “joia da coroa” da Novonor. Agora, a companhia precisa lidar com pressões de credores, discussões sobre reestruturação de dívida e um cenário de incerteza crescente.
Bonds viram pó e investidores correm
Os títulos emitidos em 2030 dispararam para rendimentos acima de 33%, refletindo o temor de calote. Já os papéis híbridos de 2081, emitidos em Nova York, derreteram para 18 centavos por dólar, acumulando queda de 80% apenas neste mês.
Esse movimento brutal foi acelerado após a empresa contratar assessores financeiros para “otimizar” suas finanças, visto como prenúncio de renegociação ou até reestruturação extrajudicial. A sinalização gerou pânico entre investidores.
Desse modo, estimativas do mercado apontam que as recuperações devem variar entre 40 e 60 centavos para os bonds, com os subordinados praticamente “sem valor”.
A queda da ex-“campeã nacional”
A Braskem, antes símbolo de solidez, foi duramente atingida pelo desastre ambiental em Alagoas, que já custou mais de R$ 4,2 bilhões em indenizações e provisões. O episódio fez a empresa perder o grau de investimento e abriu caminho para sucessivas crises.
A tentativa da Novonor de vender sua participação fracassou em todas as frentes, de negociações com a Adnoc à aproximação de Nelson Tanure. Além disso, o excesso de dívidas e passivos ambientais travou as operações.
Portanto, hoje a companhia amarga queda contínua de caixa e dificuldade em atrair novos investidores, o que deixa a Petrobras, sua sócia, em posição delicada.
Petrobras e risco sistêmico
Apesar da turbulência, a Braskem encerrou junho com US$ 1,7 bilhão em caixa e sem vencimentos relevantes antes de 2028. Ainda assim, a incerteza cresce.
A Petrobras, que divide o controle com a Novonor, estuda alternativas para garantir a sobrevivência da empresa. Ademais, a estatal avalia opções de financiamento, novos aportes e até um redesenho de governança.
Por fim, a crise da Braskem ocorre em meio a outros choques corporativos, como a derrocada da Ambipar e o estresse no Banco Master, elevando o temor de um “efeito dominó” no crédito corporativo brasileiro.