
Alguns dos credores da Braskem (BRKM5), como o BNDES, estão resistentes a proposta de Nelson Tanure para compra de fatia na companhia. Fontes próximas às negociações afirmam a agência Reuters, que os bancos preferem manter sua própria estratégia de reestruturação antes de cederem as ações dadas como garantia pela Novonor — um passivo de cerca de R$ 15 bilhões, garantido em sua maior parte pelas ações da empresa.
O empresário reconhece que o sucesso da operação passa, necessariamente, por um alinhamento com os credores, mas destaca que: “As ações são detidas pelo grupo Novonor. Apenas, estão em alienação fiduciária para os bancos.”
Nem o BNDES nem a Novonor comentaram o assunto. Já a Petrobras (PETR3)(PETR4), por meio da CEO Magda Chambriard, manifestou recentemente seu descontentamento com a atual gestão da Braskem, sugerindo que o papel da estatal deveria ser mais ativo.
“O sócio que tem 47% de parceria num ativo não pode não mandar nada nesse ativo”, afirmou Chambriard na semana passada.
Diante disso, Tanure revelou a Reuters que pretende fechar um acordo ainda este ano — e que, se bem-sucedido, quer ver a Petrobras com um papel mais estratégico nas operações da petroquímica.
Segredo, persistência e uma proposta inédita
“Venho pesquisando essa empresa há muito tempo”, disse Tanure. “Em algum momento, após a desistência da Adnoc, comecei a conversar com eles em absoluto sigilo.”
A referência é ao colapso da negociação com a petrolífera de Abu Dhabi, no ano passado, o que reacendeu o interesse do empresário carioca.
Tanure apresentou uma proposta que prevê a permanência da Novonor como acionista minoritária — com uma participação reduzida de 38,3% para cerca de 3,5%. “Eu não faria um acordo se eles não permanecessem envolvidos”, afirmou, sinalizando que a reestruturação ideal envolve consenso, não ruptura.
Petrobras protagonista?
Tanure acredita que a participação da Petrobras precisa ser ampliada na operação da Braskem. Segundo ele, a estatal tem “senioridade e know-how de gestão comparável aos melhores do mundo” e deve exercer um papel mais robusto.
A proposta do empresário inclui o respeito ao direito de preferência da Petrobras sobre a fatia da Novonor, conforme prevê o acordo de acionistas.
Visão verde para o futuro da Braskem
Mais do que resolver uma disputa societária, Tanure acena com ambições industriais e sustentáveis. Seu plano envolve transformar o polo petroquímico de Camaçari, na Bahia, em um hub de inovação verde.
“O Brasil é o país com maior potencial para desenvolver a indústria verde, inclusive a petroquímica — e a Bahia é o lugar mais bem posicionado para liderar esse movimento”, afirmou o empresário.
Com negociações ainda em curso e resistência no horizonte, Tanure sabe que o desafio é complexo. Mas mantém otimismo: “Acredito que, se chegarmos ao fim do ano com tudo resolvido, será uma grande vitória.”
Com informações da Reuters.