
- Caixa da Braskem despencou para US$ 1,7 bilhão, queda de 40% em um ano.
- Agências Fitch e Moody’s cortaram o rating e alertam para novos rebaixamentos.
- Títulos da empresa entraram em território de risco extremo com rendimento recorde.
A Braskem (BRKM5) entrou em um dos momentos mais críticos de sua história. Em apenas doze meses, a companhia perdeu quase 40% de suas reservas de caixa, enquanto sua dívida explodiu em proporção ao lucro.
Agências de risco já soaram o alarme. Moody’s e Fitch rebaixaram o rating da petroquímica, apontando que a persistente queima de caixa ameaça a capacidade de honrar compromissos, e os investidores passaram a exigir rendimentos recordes para manter seus papéis.
Reservas em queda
Durante anos, o caixa robusto foi o escudo da Braskem. Agora, esse pilar dá sinais de esgotamento. A empresa terminou o segundo trimestre com apenas US$ 1,7 bilhão em reservas, frente aos US$ 2,8 bilhões de um ano antes.
Ademais, nesse mesmo período a cobertura da dívida despencou de 61 para 30 meses. Esse encolhimento reduziu drasticamente a confiança do mercado, que vê risco crescente em manter a exposição à companhia.
Desse modo, a dívida líquida aumentou em US$ 235 milhões no trimestre, alcançando US$ 6,8 bilhões, o equivalente a 10,6 vezes o Ebitda.
Pressão crescente
O mercado reagiu rápido. Os títulos em dólar da Braskem chegaram a render 15,7% em agosto, acima dos 9% vistos três meses antes. Esse salto coloca os papéis em território “distressed”, que sinaliza desconfiança extrema.
Além disso, o desempenho negativo foi reforçado pelo excesso de capacidade global no setor petroquímico e pelos custos do desastre ambiental em Alagoas, que corroeu ainda mais a percepção de risco.
Portanto, ao mesmo tempo, a oferta de compra feita por Nelson Tanure adicionou incerteza. O temor de uma reestruturação forçada ampliou a pressão sobre os investidores.
Saídas possíveis
Diante desse quadro, a empresa iniciou conversas para refinanciar a dívida antes do prazo. A estratégia inclui venda de ativos, monetização de créditos tributários e operações de sale-leaseback.
Ademais, a Moody’s alerta que a situação pode piorar caso a companhia não consiga renovar sua linha de crédito rotativo de US$ 1 bilhão até 2026. Essa é considerada a principal trava contra um colapso.
Por fim, segundo o CEO Roberto Ramos, a Braskem já estuda cortes de custos, fechamento de unidades deficitárias e foco em produtos mais rentáveis para estancar a sangria.