
A Brava Energia (BRAV3) apresentou um forte desempenho operacional no primeiro trimestre de 2025 (1T25), mas ainda carrega um desafio importante: o alto nível de endividamento. A análise consta em relatório recente do BB Investimentos, que vê a empresa como um nome promissor no mercado de crédito privado, porém com ressalvas relevantes.
“O crescimento operacional da Brava foi robusto, com receita líquida recorde no 1T25”, destaca o time de analistas. O impulso veio principalmente de seus ativos offshore, especialmente o campo de Atlanta, que alcançou 34 mil barris de óleo equivalente por dia (kboe/d) em abril — um salto de 45% em relação ao trimestre anterior.
Apesar disso, o BB Investimentos chama a atenção para o risco financeiro. “O ponto de atenção mais relevante é o elevado nível de alavancagem”, avaliam os analistas.
A relação dívida líquida/EBITDA da empresa atingiu 3,7 vezes no 1T25 — superior à média do setor.
“O patamar elevado de alavancagem e os custos de extração pressionados podem ser prejudiciais em cenários de queda nos preços do petróleo ou valorização do dólar”, alerta o relatório.
Para mitigar riscos, a Brava obteve waivers temporários que flexibilizam seus covenants: 4,0x até abril, 3,75x até julho e retorno ao teto de 3,5x a partir do terceiro trimestre.
Estratégia de ajuste começa a dar sinais
Em linha com esse desafio, a Brava anunciou a venda de 50% de sua infraestrutura de gás natural no Ativo Industrial de Guamaré (RN) para a PetroReconcavo (RECV3) no início de junho, medida interpretada como parte de um plano de desalavancagem.
“Acreditamos que a companhia deve priorizar a redução de sua alavancagem após um ciclo relevante de investimentos operacionais”, avaliam os analistas do BB-BI. “Esse esforço já teve um primeiro reflexo com a transação recente no Rio Grande do Norte.”
Potencial elevado, mas depende do cenário macro
Com reservas 1P suficientes para 15 anos e uma estratégia voltada a ativos maduros com baixo risco exploratório, a Brava se posiciona bem para capturar valor nos próximos ciclos do petróleo.
Porém, o cenário macro será determinante. “Mantidas as boas condições de preços de petróleo e sem pioras significativas no contexto global, vemos a Brava como uma emissora atrativa”, reconhece o relatório.